São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
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Baixo orçamento mantém qualidade das bandas

MARCEL PLASSE
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando as grandes gravadoras seguiram o exemplo das pequenas e criaram subdivisões para lançar novos artistas, os independentes ficaram alertas.
João Eduardo de Faria Filho, do Cogumelo, resume a opinião geral: "Chaos, Plug e Banguela não passam de escritórios a mais nas multinacionais, com um doidão, que pode ser dispensado a qualquer hora, no comando".
Chicão, do selo Devil, lembra o que aconteceu na primeira fase do selo Plug, criado em 1986 e fechado dois anos depois: "Acabou quando deixou de dar lucro. E banda nova não costuma dar muito lucro. Vai chegar uma hora em que eles vão falar: 'Não era isso que a gente pensava"'.
O proprietário do Cogumelo revela que o mercado independente tem peculiaridades que as multinacionais não sabem decifrar, e por isso prefere investir em seu próprio negócio de distribuição.
"Se uma grande gravadora distribuir meus discos", diz, "vou me dar mal, porque a grande vai colocar o meu thrash metal numa Mesbla. Ela não sabe trabalhar a segmentação."
Faria Filho diz que a Cogumelo lança "o triplo de bandas brasileiras que uma multinacional", porque, ironicamente, possui um orçamento menor.
"Não fico viajando meses no estúdio", diz, "com US$ 50 mil para fazer um disco sem identidade. Consigo um resultado mais autêntico com apenas US$ 2.000."
André Muller, do selo Rock It!, concorda: "Apesar de gostar muito do Chico Science, o disco deles ficou com um som bem Sony".
"Uma grande gravadora nunca lançaria uma banda verdadeiramente radical", diz Faria Filho. "Se Sepultura fosse esperar por uma multinacional, ainda estaria tocando nas garagens de B.H.."
"Não podemos nos preocupar com modismos", diz Jeron Vonk, do selo RoadRunner-Brasil. "A gente lança grupos estruturados, coesos e com história." (MP)

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