São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
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Festival descobre obras sacras de autores mineiros do século 18

LUÍS ANTÔNIO GIRON
DA REPORTAGEM LOCAL

Evento: 5º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga
Quando: de amanhã a 31 de julho
Onde: Juiz de Fora
Abertura: Orquestra de Câmara e Coral Pró-Música, regência de Nilo Hack
Quando: amanhã, às 20h
Onde: Igreja do Rosário (centro da cidade)
Quanto: entrada franca

Começa amanhã, em Juiz de Fora (MG), o 5º Festival de Música Colonial Brasileira e Música Antiga. O evento acontece até dia 31. Reúne 500 bolsistas e 41 professores e promove 20 concertos em diversos locais da cidade.
Na abertura e no final serão estreadas em concerto e gravadas em CD partituras de dois compositores coloniais mineiros.
Amanhã, na igreja do Rosário, a Orquestra de Câmara e Coral Pró-Musica de Juiz de Fora executa o "Te Deum", peça inédita do compositor Manoel Dias de Oliveira (1745-1813).
No encerramento, os bolsistas do festival apresentarão a "Missa Grande em Sol Maior", de Joaquim de Paula Souza (1780-1842).
As partituras foram restauradas pelos musicólogos Harry Crowl e Sérgio Dias.
Oliveira teve nove filhos, foi maestro em Tiradentes e trabalhou como calígrafo. Escreveu centenas de obras à maneira rococó.
Paula Souza, conhecido como "o Bonsucesso", atuou na passagem do século 18 para o 19 no arraial de Prados, então com 730 habitantes. Até hoje foram descobertas oito obras dele, todas marcadas pela mescla de polifonia e formas clássicas. Seu "Credo" é de 1799. A "Missa Grande" foi composta em 1823.
As obras serão lançadas em CD pela entidade organizadora do festival, o Centro Cultural Pró-Música, órgão federal sediado em Juiz de Fora.
"A linha do festival é executar e redescobrir obras coloniais brasileiras", diz Maria Isabel de Sousa, organizadora do evento. Segundo ela, o Pró-Música recebeu US$ 80 mil do governo federal para bancar o festival.
O custo é pequeno, se comparado ao dos festivais de Campos do Jordão (US$ 1,7 milhão) ou o de Música Antiga de Innsbruck, na Áustria (US$ 20 milhões).
"O evento tem importância internacional", diz Maria Isabel. "Costumamos receber estudiosos e músicos europeus de primeira categoria".
No dia 22, às 20h, o musicólogo alemão Curt Lange, 94, contará mais uma vez como descobriu nos anos 30 a produção musical mineira do século 18.
No tempo em que Lange iniciou pesquisa, não se acreditava na existência de grandes compositores mineiros do século 18. Lange trouxe à tona obras de compositores mulatos agregados às ordens religiosas. Provou que a produção sonora da época era comparável à arquitetônica.
Haverá concertos internacionais, como no dia 23, às 16h, com o cravista holandês Jacques Ogg e o violinista mineiro Luis Otávio Santos, que mora na Holanda.
O flautista paulistano Ricardo Kanji, que atua na Orquestra do Século 18 em Amsterdã, se apresenta no dia 25, às 20h, com a Orquestra de Câmara Pró Música.
Seis instrumentistas franceses tocam no dia 27, às 20h.
Em todos os espetáculos, são ressuscitadas peças brasileiras antes tidas por inexistentes.

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