São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 1994
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Recuperação de paraplégicos é o tema de 'Despertar para a Vida'

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Filme: Despertar para a Vida (The Waterdance)
Produção: EUA, 1992, 92 min.
Direção: Neal Jimenez, Michael Steinberg
Elenco: Eric Stoltz, Wesley Snipes, Helen Hunt, William Forsythe
Onde: a partir de hoje nos cines Arouche B e Belas Artes/Sala Aleijadinho

"Despertar para a Vida" parte de uma narrativa autobiográfica de Neal Jimenez, paralítico da cintura para baixo desde 1984. Roteirista do filme e co-diretor, Jimenez garante pessoalidade à história de Joel Garcia (Stoltz), escritor que tem a espinha quebrada quando escalava uma montanha.
O doloroso processo de recuperação em um hospital é o centro dos acontecimentos. Primeiro, existem dois outros pacientes, o negro Raymond Hill (Snipes) e o branco racista Bloss (Forsythe).
A partir deles, o conflito evolui em duas direções: 1) a afirmação da igualdade entre os personagens, unidos pela precariedade, contra os preconceitos; 2) a defesa da integridade humana dos pacientes, contra certos funcionários.
Ao mesmo tempo, existem Garcia e sua namorada (Hunt). Situação idílica (ela é casada e transa com o escritor etc.), que engrossa quando ele sabe que não poderá mais ter relações sexuais plenas.
O que "Despertar" tem de melhor é a primeira parte, quase um documentário sobre a vida num hospital que se ocupa de paraplégicos. A segunda, muito marcada pelo problema das relações sexuais, é menos interessante.
Desde o início, porém, os principais méritos e problemas do filme estão enunciados. A evolução em nuance do drama é OK e os atores são muito bons. Ao mesmo tempo, parece que estamos vendo um telefilme. Não pelo conteúdo, mas pela forma acomodada.
As facilidades formais levam o espectador permanecer um tanto alheio à história que se conta: as imagens que correm à sua frente não criam vida própria. Existem pelo texto e pelos atores. É alguma coisa, mas está longe de ser tudo.
"Despertar para a Vida" chega com o prêmio de melhor filme do Sundance Festival (ponto de encontro do cinema independente nos EUA). Tem a vantagem sobre alguns dos filmes dessa tendência de não buscar ser um "cult". Tem a desvantagem de optar por uma estética conservadora, ao contrário de boa parte dos independentes dos EUA. (Inácio Araujo)

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