São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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Copa breca escalada do futebol defensivo

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O caminho rumo à defesa mostrado pelo futebol nos últimos três mundiais foi interrompido, pelo menos nesta Copa. Não só a média de gols aumentou (para mais de 2,7 gols por jogo), como os esquemas táticos mais ofensivos prevaleceram.
O esquema que sai vitorioso desta Copa é o 4-4-2. Com tantas variações que chega a lembrar o 2-3-5 que vigorou em toda a primeira metade do século, o esquema de quatro defensores, quatro meias e dois atacantes mostrou ser o mais versátil.
Na final de ontem, enfrentaram-se duas seleções que o empregam. A Itália usa uma variante com líbero –o zagueiro esquerdo– laterais que apóiam pouco e um quadrado de meio-campo em que todos defendem e atacam com quase a mesma desenvoltura.
No Brasil, esse quadrado é mais rígido, com Mauro Silva e Dungam nos cantos traseiros e Mazinho ou Raí e Zinho nos dianteiros. Os laterais avançam mais –Branco, nem tanto, mas por causa de seu preparo físico.
Uma das razões do sucesso desse esquema foi o combate ao antijogo. Numa Copa com poucos 0 a 0, as seleções que jogam na defesa, como Noruega e Irlanda, fracassaram. Quando precisavam de um gol, não tinham forças para reagir.
O uso de dois zagueiros e um líbero atrás, criado em 1986 pela Dinamarca, também quase só acumulou fracassos. Alemanha, Holanda e Bulgária jogaram assim. Só a última passou das quartas-de-final e nenhuma chegou à decisão.
Nesta Copa, houve equilíbrio entre as seleções que jogaram com líbero –casos típicos de Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica e Romênia– e as que jogam sem, como Argentina, Brasil, EUA e México.
Esta Copa mostrou também o fracasso dos laterais, a posição que mais cresceu de importância nos últimos dez anos. Previa-se que jogadores desse setor eram candidatos a destaques, mas nunca antes uma Copa esteve tão pobre nessas posições.
Na esquerda, ainda sobressaíram Maldini, o argentino Chamot e o brasileiro Leonardo –até ser expulso. Mas, na direita, ninguém brilhou. Jorginho, em má fase, foi eleito para a seleção da Copa.
O fracasso dos laterais afunilou o jogo, o que deu destaque aos atacantes com maior poder de penetração, como Romário (Brasil), Roberto Baggio (Itália), Raducioiu (Romênia) e Stoichkov (Bulgária).
Quem vivia de cruzamentos, como os atacantes belgas e irlandeses, deu-se mal.

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