São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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Psiquiatra estuda casos de neurocisticercose

DA REPORTAGEM LOCAL

A neurocisticercose, doença causada por um parasita que se instala no cérebro humano, pode atacar mais de 3% da população e não 1%, como indicavam as estimativas até agora.
Muitos casos atravessam a vida sem ser diagnosticados. Alguns pacientes são até internados em hospitais psiquiátricos sem que se suspeite que os sintomas são provocados pelo cisticerco (larva da tênia).
Esses dados fazem parte da tese de doutorado que o psiquiatra Almir Tavares, 39, defendeu na Escola Paulista de Medicina no dia 23 de junho.
Tavares fez um levantamento de 847 autópsias no Hospital das Clínicas de Belo Horizonte entre 1977 e 1988 e constatou 72 casos de neurocisticercose –só dois foram diagnosticados em vida.
"A porcentagem, 8,5%, não pode ser usada como parâmetro para a população em geral porque o grupo é de doentes de um hospital. Mas é bem razoável estimar que pelo menos 3% da população tenha a doença", diz.
Segundo Tavares, os casos podem ser diagnosticados em vida mais facilmente hoje graças a exames de sangue e à tomografia (imagem computadorizada do cérebro).
Em outra etapa do estudo, Tavares examinou 189 pacientes de um hospital psiquiátrico. Constatou dez casos de neurocisticercose.
Na primeira fase, a doença causa neuroses. Na segunda depressão. Na terceira o paciente tem esquizofrenia e na quarta demência.
Não há cura para a doença. Em casos graves pode-se eliminar o cisticerco com cirurgia ou drogas.
Mas os dois métodos, segundo Tavares, podem deixar mais sequelas do que a opção de tratar os sintomas e esperar o cisticerco morrer, após no máximo dez anos.

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