São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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Jogadores dedicam o tetra a Ayrton Senna

MAURICIO STYCER
ENVIADO ESPECIAL A PASADENA

Os jogadores deidcaram o título ao piloto Ayrton Senna, morto este ano num acidente no GP de Imola, na Iália.
Assim que a Itália perdeu o seu último pênalti, Branco, Ronaldo, Gilmar e Viola abriram uma faixa no meio do campo que dizia: "Senna aceleramos juntos. O tetra é nosso".
Jorginho, Paulo Sérgio, Mazinho e Muller se ajoelharam e rezaram abraçados no gramado.
Raí e Bebeto se abraçaram chorando.
Os jogadores carregaram Carlos Alberto Parreira e Zagalo e os atiraram para o alto.
Antes da entrega da taça, os jogadores deram uma volta ao redor do gramado carregando quatro bandeiras do Brasil.
Às 15h32 (19h32 em Brasília), Dunga levantou a taça e em seguida beijou-a, passando-a para Romário, que repetiu o gesto. Romário passou a taça para Branco, que a passou para Viola, que a entregou a Taffarel.
Ao final da prorrogação, a primeira reação do público foi vaiar os jogadores de Brasil e Itália.
Um público de 94.194 espctadores assistiu a partida.
A final da Copa atraiu algumas celebridades ao Rose Bowl. O ator Dustin Hoffman ("Rain Man") assistiu a partida da tribuna de honra.
O ex-presidente norte-americano George Bush, acompanhado de sua mulher, Barbara, foi recebido numa área reservada da arquibancada pelo presidente da Fifa, o brasileiro João Havelange.
O ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger também assistiu a partida da tribuna de honra.
O zagueiro Alexi Lalas, da seleção norte-americana, comentou a partida do estádio para uma emissora de TV.
O técnico Carlos Alberto Parreira foi vaiado pelo público ao ter seu nome anunciado pelos microfones do estádio. Essa cena se repetiu nas sete partidas que o Brasil disputou na Copa.
O técnico da Itália, Arrigo Sacchi, também foi vaiado ao ter seu nome anunciado.
Os jogadores titulares do Brasil, como ocorreu em todas as outras partidas, entraram em campo de mãos dadas.
O reserva Viola entrou abraçado a uma bandeira do Brasil.
4Na guerra das torcidas, os italianos, embora em menor número, fizeram mais barulho.
Os brasileiros, ao menos, venceram no quesito fantasia. Pelo menos cinco mulheres foram ao jogo vestindo a mesma fantasia de Carmem Miranda.
"Vim assim para animar a festa. Carmem Miranda é a cara do Brasil", dizia a estudante Vanessa Contrera, de São Paulo, estudando medicina na Universidade de Utah.
Os japoneses, presentes em grande número para vender a idéia da Copa do Mundo de 2002 no Japão, faziam fila para fotografar Vanessa. "É bom ser admirada", disse ela.
Um homem fantasiado de frango também atraia a atenção. Alcides Andrade, de Cascavel (PR), vestia a fantasia de "frangão" em homenagem ao Brasil. "Está quente aqui dentro, mas pela festa do Brasil vale o sacrifício".
Um homem-sanduíche, com as palavras "Jesus save from hell" (Jesus salva do inferno) impressas no peito e nas costas, gritava "Ole, ole, olá, Bíblia! Bíblia", no mesmo ritmo que os torcedores gritavam pelo Brasil e pela Itália.

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