São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994 |
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Uma final sem gol é o pior espetáculo
JOHAN CRUYFF
Uma final que acaba em cobrança de penâltis depois que nenhuma das seleções foi capaz de marcar um só gol já é por si só o pior dos castigos para o espetáculo. A única coisa que me consola é que, no final, o triunfo foi para o Brasil. Porque não teria sido justo que o título de campeão do mundo ficasse com uma equipe que elegeu o caminho da especulação ao longo do campeonato. E não teria sido justo porque os brasileiros, sem jogar um bom futebol, buscaram mais a vitória e criaram situações de gol suficientes para não precisar chegar aos pênaltis nesta final de Copa. A partida foi ruim e não vale a desculpa de que dificilmente em uma final se pode ver bom futebol. O que acontece é que o Brasil jogou demasiadamente preocupado com seu rival e em nenhum momento conseguiu impor seu domínio de bola. Na minha opinião, esta partida teria sido definida se a seleção brasileira tivesse conseguido impor um ritmo forte de jogo, para conseguir acabar com a resistência física da Itália. Mas a equipe de Carlos Alberto Parreira preferiu bloquear o contra-ataque italiano, com Roberto Baggio e Massaro, a jogar abertamente no terreno do rival. A Itália, não se pode deixá-la respirar. Principalmente se no no centro de sua defesa está Baresi. A presença do capitão do Milan foi decisiva não só para reforçar o sistema de contenção, mas também para deixar ainda menos espaços livres entre a defesa e o meio-campo italiano. As opções do Brasil, uma vez que renunciaram ao jogo de ataque, ficaram limitadas à ação pessoal de Romário ou Bebeto. Não chegaram os gols e a Itália chegou ao único ponto de onde podia conseguir a vitória, que era a partir da marca do pênalti. Mas os italianos chegaram acabados para os chutes. O esforço de Baresi, de Baggio, de Massaro acabou pesando e a Itália só foi capaz de marcar um gol de pênalti. Este foi o castigo que lhes havia reservado o destino àqueles que confiaram até o último segundo no melhor de seus aliados: a sorte. Texto Anterior: Que a taça carregue junto a auto-estima Próximo Texto: Era hora de mostrar nosso futebol campeão Índice |
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