São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994
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Ordem era para Romário cavar faltas

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A PASADENA

O atacante brasileiro Romário de Souza Faria, 28, entrou ontem em campo com um objetivo a mais do que marcar gols: queria cavar faltas na entrada da área italiana.
Durante todo primeiro tempo da partida, Romário tentou irritar seus marcadores italianos. Não recebeu marcação individual, mas chegou a estar cercado por até quatro jogadores.
No primeiro tempo, em apenas uma ocasião o jogador conseguiu forçar uma falta perigosa para o lateral Branco cobrar, aos 41min.
Romário tabelava com Bebeto. Não quis prosseguir. Ofereceu o corpo para o italiano bloquear.
No segundo tempo, Romário veio mais decidido ainda a tentar conseguir faltas para o time. Chegou a recuar para o meio-campo.
Perto do círculo central, no segundo tempo, Romário cavou três faltas: aos 3min, aos 9min e aos 13min.
Mas depois das cobranças, o jogador nunca conseguia receber a bola em condições de armar alguma jogada de ataque.
A seleção brasileira insistia em fazer as jogadas com Romário. O atacante não conseguia dominar a bola. Quando o fazia, era rapidamente desarmado por um defensor italiano.
Romário tentou ontem cumprir uma promessa que havia feito antes da Copa do Mundo: marcar um gol para cada um dos sete jogos da competição.
Um dos momentos dramáticos para o atacante aconteceu aos 3min da prorrogação. Depois de um cruzamento de Cafu, Bebeto tentou o chute a gol. A bola sobrou para Romário a menos de um metro do gol. Mas o goleiro Pagliuca chegou primeiro e fez a defesa.
A não ser pela excessiva preocupação em tentar faltas e irritar os zagueiros italianos quando o juiz não olhava, Romário jogou uma partida parecida às suas outras seis neste Mundial.
O atacante brasileiro, de 1m68 e 70 kg, correu pouco. Com as mãos na cintura a partir do segundo tempo, pediu água para o banco de reservas duas vezes, aos 21min e aos 25min.
Desde o início do segundo tempo, Romário dava impressão de ter perdido a paciência com seus companheiros de time.
Quando recebia a bola na intermediária do ataque e tinha pelo menos dois metros de espaço, tentava partir para a frente sozinho.
Na prorrogação, ficou mais aguda sua preferência por jogadas pessoais. Aos 11min, aos 12min e aos 15min do primeiro tempo da prorrogação Romário tentou fazê-las.
No último minuto do primeiro tempo da prorrogação, Romário tinha espaço para chutar a bola. Recebeu o passe na entrada da área, depois de cruzamento de Cafu. Mas preferiu tentar entrar com a bola na área. Foi desarmado. E não tentou recuperar a jogada.
A melhor chance de gol no jogo também acabou desperdiçada nos pés de Romário. Aos 4min do segundo tempo da prorrogação, depois de cruzamento de Cafu, a bola sobrou livre para Romário, a um metro da trave direita de Pagliuca. Romário chutou para a fora.
Na arquibancada do Rose Bowl, um brasileiro levantou-se e gritou: "Perdemos a Copa."

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