São Paulo, segunda-feira, 18 de julho de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
RICHARD KLEIDERMAN
ANTONINA LEMOS
Quem está acostumado a ver os dois no Titãs vai levar um susto. Branco, antes vocalista, agora aprendeu a tocar baixo. Britto, vocalista e tecladista, agora toca guitarra –pelo menos o suficiente para um som básico, cru e muito pesado. A idéia de montar a banda surgiu depois de algumas "brincadeiras" no sítio de um amigo. Depois chamaram a baterista Roberta Parisi, 20, e começaram a ensaiar. O nome Richard Kleiderman foi sugestão de Britto ("é aquele cantor e tecladista loirinho mesno", como ele explica). O Kleiderman começa a gravar um disco pelo selo Banguela (do próprio Titãs), que deve ser lançado em setembro. A banda falou à Folha no estúdio Be Bop, local de gravação do Banguela. Folha - Por que vocês montaram a banda? O Titãs não estava mais satisfazendo as necessidades de vocês? Branco - Não, não é isso. Eu e o Brito sempre tivemos muita afinidade musical. Não foi uma coisa pensada e programada, a gente começou a tocar e achou que fazer uma banda seria legal. Folha - Mas vocês acham que esse tipo de som que vocês estão fazendo, mais pesado, seria viável no Titãs? Brito - Nós não pensamos nesses termos, talvez alguma coisa desse para fazer no Titãs, mas a maioria não. O som do trio é diferente, fica uma coisa mais básica, mais crua. Folha - Várias pessoas da geração de vocês, como Herbert Vianna, Renato Russo e outros, estão partindo para projetos paralelos. O que vocês acham disso? Branco - A gente, dessa geração, está junto há muito tempo. É importante fazer outras coisas. Britto - Chega uma hora, por mais legal que a coisa seja, que vira um pouco rotina, aí é legal fazer outras coisas. É essa a maneira de as bandas continuarem. Folha - Foi fácil para vocês aprenderem a tocar os instrumentos? Branco - A gente já tocava um pouco antes. Ficamos um ano inteiro ensaiando, não foi muito complicado não. Folha - Dizem que vocês ficaram nervosos no primeiro show da banda (mês passado, no Aeroanta). É verdade? Branco - É, a gente ficou super travado. A platéia era só de amigos. E a banda está começando, a gente não sabe se as pessoas vão gostar ou não. Brito - A gente fica com essas encanações normais, pensando se o show vai ficar legal. É diferente do Titãs, a gente já tocou até no Maracanã, mas as pessoas já conhecem as músicas. As pessoas vão aos shows porque gostam das músicas, não porque adoram o Branco ou acham bonito o cabelo do Charles. Branco - As pessoas dizem que a gente ficou nervoso porque a banda é diferente. No Titãs eu só canto, fico pulando no palco (ele levanta e começa a fazer mímica de si mesmo). No Kleiderman não posso pular. Estou preocupado em cantar e tocar ao mesmo tempo. Fico preocupado com o microfone, com o baixo, é muito difícil. Folha - Como é o relacionamento da Roberta, iniciante, com vocês, que já lançaram 12 discos? Roberta - A gente se dá muito bem. Vai ensair sempre com o maior gás. Branco - Ela traz um pique de iniciante para a banda que é muito legal. Acho que é por isso que está funcionando tão bem. Folha - E como é voltar a esse esquema underground, de ter que batalhar show, gravar fitas demo? Brito - A gente já passou por isso antes, no início do Titãs. É claro que ser dos Titãs ajuda, mas nos sentimos como qualquer banda iniciante. Roberta - Comigo acontece o contrário. Acho que as coisas estão acontecendo facilmente. Pensei: "que legal, já temos uma demo". Tem banda que batalha muito para ter uma demo. E ainda vamos lançar um disco. Estou empolgada. Texto Anterior: Proposta não é ensinar Próximo Texto: Recife passa um mês em São Paulo Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |