São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 1994
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"Amor à Queima-Roupa" torna compatíveis romantismo e violência

FERNANDA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme: Amor à Queima-Roupa
Produção: EUA, 1993
Direção: Tony Scott
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Christian Slater, Patricia Arquette, Gary Oldman, Dennis Hopper, Val Kilmer, Brad Pitt e Christopher Walken
Estréia: nos cines Olido 2 e Espaço Banco Nacional de Cinema

Para quem gosta de tiros, sangue e murros, "Amor à Queima-Roupa" é um filme dos bons. Para quem prefere uma comédia romântica, também serve. "Amor à Queima-Roupa" é produto da combinação da violência do roteiro de Quentin Tarantino ("Cães de Aluguel") com a estética adocicada da direção de Tony Scott ("Ases Indomáveis").
Não é nenhuma obra-prima, mas garante diversão acima da média nestes tempos de vacas magras no cinema. A diversão vem, sobretudo, dos atores. Patricia Arquette está ótima como Alabama, a prostituta meio doce, bem loira e meio estúpida. Christian Slater encarna o bom-moço Clarence, disposto a arrebentar a cabeça do primeiro que aparecer, para defender sua Alabama.
Além dos dois, "Amor à Queima-Roupa" reúne os melhores malvados do cinema atual –Gary Oldman, Christopher Walken e Dennis Hopper. Este último faz papel de bom, como o pai de Clarence, mas mostra toda sua maldade inata na melhor cena do filme.
Clarence e Alabama se conhecem no dia do aniversário dele e se apaixonam. Decidem mudar de vida e Clarence vai buscar as coisas de Alabama na casa do seu cafetão Drexl (Gary Oldman, quase irreconhecível como rastafari). Leva a maior surra, mas sai carregando uma mala de cocaína.
A partir daí, Clarence e Alabama passam a ser perseguidos pelos traficantes, pela máfia e pela polícia. É sangue que escorre para todo lado, bem vermelho, como convém à câmera de Tony Scott, que já dirigiu muita publicidade.
Alabama reina soberana como a única mulher no covil de lobos. Ela e Clarence são simpáticos, sexy e amorais o suficiente para terem sido chamados de "Bonnie & Clyde dos anos 90" pela mídia americana. O casal representa mesmo o que o filme tem de melhor: uma leveza perigosa em relação à violência.
Os dois apanham como coitados, mas vivem à beira da euforia. Clarence e Alabama dão uma aparência jovial e saudável ao mundo do crime. Se bastante dessa douração de pílula deve-se ao olhar "embelezador" de Tony Scott, o roteiro de Quentin Tarantino não dispensa as piadas que acompanham os crimes e fazem tudo parecer mais banal.
Para o espectador bem-disposto ficam momentos de riso, nojo, medo, tesão e romantismo. Diante das dezenas de filmes insossos que têm estreado ultimamente, não, não é pouco.

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