São Paulo, sábado, 23 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Palmeira reclama do atraso do apoio do PP

GABRIELA WOLTHERS; TALES FARIA; EMANUEL NERI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PP oficializou ontem seu apoio 'a candidatura presidencial de Fernando Henrique Cardoso (PSDB,PTB e PFL) e seus dirigentes tiveram que ouvir uma reclamação do vice da chapa, senador Guilherme Palmeira (PFL-AL).
"Só lamento que esse apoio não tenha vindo a tempo de aumentar o nosso tempo no horário eleitoral gratuito da TV", afirmou o vice.
O PP não vai integrar formamelmente a coligação que apóia o tucano. O tempo na TV é definido a partir das alianças firmadas em convenção. O prazo para realização desses encontros está encerrado, segundo a legislação eleitoral.
O ato, na verdade, serviu mais ao marketing da campanha do que para agregar novas forças 'a candidatura tucana.
Os grupos do PP, presentes ontem no comitê de FHC, já estavam ao lado do candidato. Mas, com o crescimento do tucano nas pesquisas, passou a interessar aos parlamentares do partido que esse apoio se tornasse explícito.
O tema que dominou as discussões entre os políticos presentes foi a polêmica causada pela liberação, sem vistoria, das bagagens dos tetracampeões de futebol.
FHC demonstrou que não sabe como se não sabe como se manifestar em relação ao fato.
Ontem, em Brasília, ele afirmou que "ninguém está acima da lei" e que o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, disse que os jogadores vão pagar o imposto devido à Receita Federal.
O episódio resultou na saída do secretário da Receita, Osiris Lopes Filho, do governo. Mas FHC se negou a responder se o presidente Itamar Franco cometeu ou não um erro ao desautorizar o secretário, que defendia a revista.
"Eu não sei se ele foi desautorizado, eu não estou no governo, não tenho nada a ver com isso", desconversou FHC.
Mas anteontem em São Paulo, o candidato chegou a dizer que o caso envolvendo a seleção era "uma coisa de menor vulto".
"Com uma vitória fantástica dessas, isso (a liberação da bagagem) é coisa de menor vulto, não vamos fazer uma tempestade em copo dágua", afirmou.
Anteontem no Rio, FHC chegou a defender a seleção: "Os jogadores trouxeram mais uma recordação da vitória do que uma vantagem pessoal." A bagagem dos tetracampeões pesava 17 toneladas.
O comando de campanha do tucano avaliou que o episódio envolvendo a não-revista da bagagem da seleção foi desastroso para o governo e que FHC deve tentar se manter afastado.
Os candidatos do PP aos governos de Minas Gerais, Hélio Costa, e do Paraná, Álvaro Dias, no entanto, não pouparam críticas ao governo.
"A lei é para todos. O presidente não poderia ter aceitado a demissão do secretário da Receita, que agiu dentro da lei", disse Costa. "A lei não distingue príncipes de plebeus", insistiu Dias.
Mas o candidato ao governo do Paraná –que também é presidente nacional do PP– procurou desculpar FHC pela dificuldade em tratar do assunto: "Nessses momentos, ele tem que ser candidato e não se envolver em coisas de governo."

Colaborou EMANUEL NERI, da Reportagem Local

Texto Anterior: O INFERNO ASTRAL DO PT
Próximo Texto: Tucano desagrada assessores na televisão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.