São Paulo, sábado, 23 de julho de 1994
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Falta de consenso impede PT e aliados de indicar novo vice

CARLOS EDUARDO ALVES; CARLOS MAGNO DE NARDI; CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT não conseguiu superar o impasse criado na tentativa de escolher o substituto do senador José Paulo Bisol (PSB-RS) na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula, o deputado Miguel Arraes (PSB-PE) e os dirigentes petistas Rui Falcão e Luiz Eduardo Greenhalgh reuniram-se ontem na casa do presidenciável e não chegaram a um nome consensual para o lugar de Bisol.
A idéia do PT era anunciar ontem mesmo a renúncia do senador e o nome do substituto. No entanto, rumores de que Bisol estaria insatisfeito com as críticas de aliados e sentindo-se abandonado pelo PT e a falta de acordo para chegar ao novo vice inviabilizaram o plano.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é o nome mais cotado para o cargo. Durante o dia, ficou claro o veto da cúpula do PT ao deputado Roberto Freire (PPS-PE), um dos nomes que estavam sendo cogitados.
Suplicy sofre restrições da ala mais à esquerda do partido, mas não é vetado por Rui Falcão (presidente do PT), embora muitos dos ligados a Falcão trabalhem contra a indicação do senador paulista.
Mais complicado para Suplicy é vencer a resistência do próprio Lula. O candidato petista tem uma boa relação com o senador, mas não o considera a solução ideal.
Lula teme um diagnosticado açodamento em algumas ações de Suplicy e que isso cause problemas na campanha. A favor do senador existe o cálculo eleitoral.
A grande preocupação dos estrategistas petistas é uma possível derrocada de Lula em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Suplicy, argumenta-se com Lula, ajudaria a campanha no Estado.
O senador afirmou ontem que sua prioridade é continuar como parlamentar. "Espero que não coloquem esse dilema para mim", afirmou Suplicy.
O advogado carioca Evandro Lins e Silva é o nome defendido pelo PSB e pode ser o escolhido se a opção for por um nome de fora do PT para formar a "dobradinha" com Lula.
Lula tem como prioridades no episódio administrar uma saída honrosa para Bisol e evitar uma sangria eleitoral.
O primeiro objetivo foi ameaçado ontem com as informações de que Bisol estaria se sentindo acuado e temendo que uma renúncia pudesse dar à opinião pública a imagem de admissão de culpa das acusações que sofre.
O candidato a presidente e seu atual vice têm conversado por telefone e podem se encontrar hoje em Santa Catarina.
Falcão, depois da reunião que não conseguiu chegar ao novo vice, tentou apresentar tranquilidade. "Não posso prever o que vai acontecer até 3 de outubro (dia do primeiro turno), mas posso dizer é que o senador é nosso candidato a vice", afirmou.
Em Porto Alegre, o líder do PT na Câmara, José Fortunatti (RS), disse que a militância está "acuada, paralisada" por causa das denúncias contra Bisol.
A Executiva do PT e a coordenação da campanha de Lula reúnem-se segunda-feira para discutir o imbroglio que paralisa a campanha do petista.

Colaboraram CARLOS MAGNO DE NARDI, da Reportagem Local, e CARLOS ALBERTO DE SOUZA, da Agência Folha

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