São Paulo, sábado, 23 de julho de 1994
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Grupo libanês assumiu ataque, diz Menem

MARCO CHIARETTI
DO ENVIADO ESPECIAL

O governo argentino informou que um grupo islâmico do sul do Líbano, Ansarallah (Seguidores de Deus), teria se responsabilizado pelo atentado que destruiu a sede da Associação Mutual Israelita Argentina na segunda passada.
O número de mortos chega a 50. Os desaparecidos são mais de 60. A busca de sobreviventes continua, mas as chances são mínimas.
O chefe da Secretaria de Inteligência do Estado (Side), Hugo Anzorregui, disse à tarde "que a única coisa que posso dizer oficialmente é que recebi do Mossad (serviço secreto israelense) a informação de que o Ansarallah tinha assumido a autoria do atentado".
Um comunicado divulgado em Sidon dizia que "grupos de mártires suicidas se formaram para enfrentar o sionismo em toda parte. As operações da Argentina e Panamá são prova dessa confrontação".
O comunicado estava assinado pelo Ansarallah. A outra vez que se ouviu falar desse grupo foi há três meses quando outro comunicado falando de "guerra a Israel" foi divulgado.
O atentado ao avião no Panamá citado na carta do Ansarallah foi atribuído pela polícia panamenha ao Cartel de Medellín.
O ministro da Defesa da Argentina, Oscar Camilión, relativizou no começo da noite a notícia. A informação de que uma "mão externa" foi responsável pela bomba está sendo levantada pelo governo desde segunda-feira.
Em uma entrevista à Folha, a assessora de imprensa da Embaixada de Israel em Buenos Aires, Alona Kamm, disse que a notícia de que um grupo havia assumido o atentado "foi divulgada por meios de comunicação libaneses".
A funcionária israelense não confirmou que a notícia tivesse sido transmitida ao governo argentino através do Mossad. "Nós levamos todas essas notícias à sério", disse Kamm, "mas não podemos conhecer sua veracidade."
A Argentina também insistiu na ação de grupos fundamentalistas no caso da explosão da Embaixada de Israel, em março de 1992. Ninguém foi preso pelo atentado, que deixou 29 mortos.
À noite, um taxista, de nome Alfredo, repetiu uma história contada por outro taxista, de que levara um casal loiro, "uma mulher muito atraente e um homem com jeito de roqueiro e sotaque alemão" até a rua Pasteur, no bairro de Once, onde ficava a Amia.
Segundo esta testemunha, os dois teriam levado uma bolsa, "que desceu cheia e subiu com outra bolsa bem mais vazia".

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