São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 1994
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Jogo de cena

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Segundo o Jornal Nacional, "Rubens Ricupero se irrita com o alto preço das roupas". Mais até, "se escandaliza".
Segundo o TJ, ele "poderá facilitar importação de roupas para forçar queda no preço".
Segundo o Bandeirantes, as novas ameaças judiciais –de ontem– contra os empresários não passam de "jogo de cena".
Irritação, ameaças, jogo de cena. Não demorou para que Rubens Ricupero entrasse na rotina de qualquer ministro da Fazenda, em qualquer plano contra a inflação. E logo ele, que vinha aparentando calma, segurança, fé –até participar e depois ver explodir o escândalo da muamba dos jogadores.
Azedo
– Glória a que preço?
A pergunta saiu na CNN, ainda falando do escândalo das bagagens. Ontem a rede fez longa cobertura ao caso, dando a demissão de Osiris Lopes Fº, reproduzindo sua declaração de despedida ("é hora de sair") e deixando algumas informações definitivas, como esta:
– O incidente azedou o sentimento nacional de euforia.
E outra, sobre Itamar:
– Um telefonema vindo do escritório do presidente deu a ordem para a liberação de toda a bagagem, sem inspeção.
Também não faltou ironia, o que já havia acontecido semana passada, no primeiro registro. Enumerando extensivamente "as geladeiras, TVs gigantes, os fornos de micro-ondas, até máquinas de lavar", a rede mundial não teve preocupação de poupar os jogadores:
– Os heróis trouxeram mais que o troféu quando voltaram. Muito mais. 17 toneladas.
Cartolas
Ricardo Teixeira, o genro, sai candidato a presidente da Fifa, com palanque no Globo Repórter. Eduardo José Farah sai candidato a presidente da CBF, com palanque no Mesa Redonda, da Gazeta. Cada um tem o cabo eleitoral que pode.
No programa da Gazeta, de madrugada, o escandaloso Eduardo José Farah anunciou o que pretende fazer no lugar do escandaloso Ricardo Teixeira. Nada muito diferente. Afinal, não cansou de fazer elogios à "família Havelange".
Caminhoneiros
Lula pulou fora do primeiro debate entre presidenciáveis, ontem na Manchete, promoção da Associação Comercial do Rio, com um argumento de agenda. Deu na rádio CBN que "Lula alegou compromisso com caminhoneiros".

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