São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 1994
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TV Cultura apresenta quatro atrações internacionais do evento

LUÍS ANTÔNIO GIRON
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS DO JORDÃO

O 25º Festival de Inverno de Campos do Jordão terminou anteontem num quase anticlímax. Tudo porque os melhores espetáculos internacionais já haviam passado.
A TV Cultura apresenta de hoje a sexta, às 22h30, quatro das seis atrações internacionais do evento.
A série se inicia com o Coro Feminino da TV Nacional Búlgara, conhecido pelo inadequado epíteto de O Mistério das Vozes Búlgaras. Amanhã, o Turle Island String Quartet. Quinta, a perfomer norte-americana Meredith Monk. A série termina com a Orquestra Jazz Sinfônica e o jazzista Joe Zawinul.
As gravações foram feitas nos espetáculos de São Paulo. É uma boa oportunidade para o consumidor conferir o desempenho de alguns astros.
Ficam de fora a Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional Polonesa, ápice do festival, e o quarteto I Vocalisti.
No último fim-de-semana, restaram poucas fagulhas do brilho mostrado ao longo de um mês.
Em Campos, os bolsistas apresentaram o "Budavári Te Deum"', do compositor húngaro Zoltán Kodály. Em São Paulo, o quarteto I Vocalisti repetiu o sarau que havia feito na serra.
Mas aquele que deveria ter sido o "gran finale" se deu no sábado. A Orquestra Sinfônica de Campinas tocou com o violonista espanhol Angel Romero o surrado "Concerto de Aranjuez".
A execução estava enregelando a platéia, quando um dos canhões de luz começou a pegar fogo. Foi o momento mais eletrizante do concerto. Corre-corre do público, escada para cá e para lá, até que o problema fosse solucionado.
Todo mundo se divertiu, inclusive os violoncelistas, que tinham para onde olhar durante os solos ímã de geladeira de Romero.
Mas como a vida é curta e a arte longa, tudo voltou ao normal e Campinas reiniciou o concerto com a "Sinfonia nº 2", de Camargo Guarnieri. Obra com uma terceira parte truculenta e difícil, provocou a evasão de público.
Para compensar, o maestro Benito Juarez deu início a uma série interminável de bises. Teve até o tema de "A Noviça Rebelde", cantado pelo público feliz.
A orquestra de Campinas é hoje a melhor do Brasil. Possui brilho e boas cordas. Sabe tocar uma partitura com coerência, o que já significa muito nesta terra de eruditos surdos. Mas ela deve conter o ímpeto popularesco.
A organização do evento deveria ter pensado em um concerto mais sério para a ocasião. Ainda assim, foi o melhor Festival de Inverno em seus 25 anos de existência. Isso pode ser comprovado pela série da TV Cultura.

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