São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 1994
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O fim de uma guerra

Mais um passo decisivo rumo ao fim dos conflitos que marcaram o Oriente Médio nas últimas cinco décadas foi dado ontem com a assinatura de uma acordo oficial pondo fim ao estado de beligerância de 46 anos entre a Jordânia e Israel.
A definição de vários detalhes do acerto, chamado de Declaração de Washington, foi deixada para depois. Dado que entre os pontos a resolver há temas espinhosos como o status de Jerusalém, é de esperar que se sigam ainda longas negociações. Isso, porém, não diminui o caráter histórico do acordo.
O teor do texto ilustra bem a animosidade que vigorava entre Israel e Jordânia ao prever o estabelecimento de ligações telefônicas e um corredor aéreo até agora inexistentes entre as duas nações vizinhas.
O evento vem também confirmar a bem-vinda onda de distensão que se tem espalhado pelo Oriente Médio desde a Guerra do Golfo, em 1991, e que resultou no acordo de setembro passado entre palestinos e israelenses, concedendo autonomia para Gaza e Jericó. Coube aos EUA um papel crucial nesse processo, ao exercerem forte pressão em favor das negociações entre os antigos inimigos do Levante.
Dentre os países vizinhos de Israel, apenas Líbano e Síria continuam agora tecnicamente em guerra com o Estado judeu. Um tratado de paz com o governo de Damasco permance um dos principais obstáculos a superar, como indica o impasse nas conversações entre as duas nações. Não se pode tampouco menosprezar resistência de grupos radicais tanto dentro de Israel como entre os palestinos –e massacres como o de Hebron oferecem um lembrete trágico do seu poder.
Os avanços dos últimos meses são porém tão impressionantes que sobressaem mesmo em meio às dificuldades remanscentes. Os acordos já concluídos eram de fato impensáveis há poucos anos, e o que parecia quase que impossível –apagar definivamente o sangrento barril de pólvora do Oriente Médio– finalmente surge agora como uma possibilidade cada vez mais concreta e animadora.

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