São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 1994
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Empresas voltam a dar férias coletivas

DA REPORTAGEM LOCAL

Vendas fracas, grandes estoques e negociação difícil com o comércio. A combinação dos três fatores ressuscitou a prática de férias coletivas e licença remunerada nas indústrias.
A Monark parou anteontem a linha de montagem de suas bicicletas. A divisão emprega entre 35% e 40% do total da empresa, que está hoje em 2.250 funcionários.
Daniel Galindo, diretor de marketing da Monark, afirma que a companhia tem estoques para um mês, o que é considerado normal, mas as negociações com o comércio engatinham.
Daí a necessidade de reduzir a produção. A empresa pratica juros que variam entre 4% e 6% ao mês.
"Se o varejo não responder e se o mês de setembro não for bom em vendas vamos ter problemas mais sérios no futuro", diz Galindo.
A linha de montagem da Monark deve ficar paralisada por um período de 10 a 15 dias.
Na concorrente Caloi, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, os trabalhadores do turno das 14h às 22h estão em férias coletivas. A empresa não confirmou a informção.
Para o presidente do sindicato dos metalúrgicos, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, os juros altos têm estimulado a recessão.
"As empresas, principalmente as de bens de consumo, estão com estoques elevados, sem ter para quem vender", afirma. "E o governo faz campanha para ninguém comprar nada", afirma.
Segundo ele, o período é atípico para férias coletivas e licenças remuneradas, que acontecem geralmente no final do ano.
"Está me parecendo que as férias são a última tentativa antes da opção por demissões", disse.
Essas demissões, diz o sindicalista, já estão acontecendo. A Combustol, empresas de autopeças com 900 funcionários, demitiu 30 pessoas na última sexta-feira.
No ABCD, também há férias coletivas. Na Brastemp, 900 dos 2.500 funcionários da unidade de São Bernardo estão parados.
A produção normal foi interrompida no dia 18 e deve recomeçar amanhã. Segundo Celso Estrella, gerente de montagem da Brastemp, as vendas baixas e a necessidade de regular estoques provocaram as férias.
A Proton, empresa do setor de autopeças de Mauá (ABC), deu férias a 300 funcionários do total de 400 entre os dias 13 e 25. Cerca de 54 outros empregados, parados desde o dia 15, estão em férias coletivas por tempo indeterminado.

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