São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 1994
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Carro-bomba explode em Londres e fere 13

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Um carro-bomba explodiu ontem diante da Embaixada de Israel em Londres, ferindo 13 pessoas.
O governo israelense culpou extremistas islâmicos contrários ao processo de paz no Oriente Médio.
A explosão ocorre um dia após a assinatura de acordo entre Israel e Jordânia e mais de uma semana depois de atentado semelhante ter destruído um centro judaico em Buenos Aires.
A polícia britânica considerou "um milagre" o baixo número de vítimas do atentado de ontem, que destruiu parte da embaixada e de um prédio ao lado no bairro de Kensington, sofisticado centro residencial e comercial de Londres.
Várias vitrines, janelas, carros e árvores foram atingidos pela explosão do carro (um Audi cinza com placas falsas) que, segundo a polícia, continha de 20 kg a 30 kg de explosivos.
Uma mulher de meia idade e de "aparência árabe" foi vista estacionando o carro.
Um policial e um membro da segurança da embaixada desconfiaram do carro e estavam se aproximando dele na hora da explosão, às 12h10 (8h10 em Brasília). Os dois ficaram feridos levemente, assim como as outras 11 vítimas.
A polícia espera que as câmeras de segurança tenham gravado imagens da mulher suspeita.
Líderes da comunidade judaica britânica disseram que, após o atentado de Buenos Aires, haviam pedido a proibição de estacionamento perto de instituições judaicas e israelenses, mas não tinham recebido resposta ainda.
A região onde ocorreu o acidente abriga embaixadas e está próxima ao palácio de Kensington, residência de membros da família real.
No momento da explosão, a princesa Margaret (irmã da rainha Elizabeth 2ª) e mais três membros da realeza estavam no palácio, que teve janelas espatifadas pela explosão mas não registrou feridos.
Um prédio vizinho sofreu mais danos do que a própria embaixada israelense. Um porta-voz da embaixada disse que após a explosão os funcionários iniciaram um procedimento de checagem de feridos.
O premiê israelense Yitzhak Rabin disse estar certo da ação de extremistas islâmicos.
"Não tenho nenhuma dúvida de que estamos enfrentando uma onda de movimentos terroristas islâmicos radicais nos países árabes. Eles têm infra-estrutura nos EUA, Europa e América Latina", disse em Rabin em Washington.
O comandante do esquadrão antiterrorista da polícia britânica, David Tucker, disse que a provável explicação do atentado seria "a volta do terrorismo do Oriente Médio às ruas de Londres".
Ele descartou uma possível ação do IRA (Exército Republicano Irlandês, que luta pelo fim do domínio britânico na Irlanda do Norte) no atentado, apesar de no passado ter mantido contato com grupos terroristas do Oriente Médio.

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