São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 1994
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Síria e Irã surgem como suspeitos de atentados

SÉRGIO MALBERGIER
DE LONDRES

Para especialistas em terrorismo, a explosão de carros-bombas em Buenos Aires e em Londres -e provavelmente a queda de um avião com a maioria dos passageiros judeus no Panamá-, em oito dias, indica que deve haver apoio de um país por trás dos atentados.
O auxílio logístico e até diplomático seria essencial para coordenar uma rede de ação internacional contra alvos judaicos e israelenses.
Dentro desse raciocínio, Síria e Irã, na lista oficial americana de países que "sustentam o terrorismo internacional", surgem como possíveis suspeitos.
O Irã é o principal financiador das ações do Hizbollah, o grupo fundamentalista muçulmano que combate Israel no sul do Líbano.
Após Israel ter bombardeado um centro de treinamento do Hizbollah em junho, matando 50 pessoas, o grupo jurou vingança em qualquer parte do planeta.
O atentado em Buenos Aires foi reivindicado por um obscuro grupo islâmico libanês, mas acredita-se que o Hizbollah age como coordenador de todos os grupos fundamentalistas do país, como ocorreu durante os sequestros de reféns na década de 80.
A Síria tem 50 mil soldados no Líbano. É o poder de fato no país e pode cortar o suprimento de armas do Irã para fundamentalistas.
Com Israel tendo assinado a paz com os palestinos e firmado um acordo de fim das hostilidades com a Jordânia, a Síria está cada vez mais isolada e sob pressão para romper o impasse nas negociações com Israel.
Ataques do Hizbollah contra o Exército israelense no passado já foram interpretados como mensagens da Síria de que sem ela (e o Líbano que controla) Israel nunca normalizará suas relações com os vizinhos árabes.
Ontem, o premiê israelense, Yitzhak Rabin, disse em Washington que o Irã é o "chefe" do Hizbollah, mas a Síria "pode impor limitações" a suas ações.
(SM)

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