São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 1994
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A hora dos debates

Os debates entre os presidenciáveis inauguram uma das fases mais importantes da eleição. É inegável que o diálogo direto entre os postulantes é um meio fundamental para o eleitor estabelecer comparações e daí decidir seu voto.
Ocorre que a primeira tentativa de debate, realizada anteontem pela Associação Comercial do Rio de Janeiro, não merece essa qualificação, dado que o seu regulamento não permitia perguntas diretas de um candidato para outro. E, pior, não compareceram dois candidatos importantes, casos de Luiz Inácio Lula da Silva (líder nas pesquisas do Datafolha) e Orestes Quércia.
Em consequência, o evento de segunda-feira ficou sendo mais uma grande entrevista coletiva do que propriamente um debate. Essa situação se repete amanhã, dia em que está prevista a presença de todos os dez candidatos numa mesa convocada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Por mais que haja limitações nesse formato, ele não deixa de ser um passo adiante na campanha. Só a maior exposição pública de cada candidato permite ao eleitor formar um juízo completo a respeito deles.
Ainda assim, o debate direto continua sendo um ponto importante para o esclarecimento do eleitor. Nesse sentido, ganha em importância a iniciativa desta Folha e da TV Cultura de programar dois debates, nos dias 29 e 30 de setembro.
A fórmula encontrada pelos organizadores tem a vantagem de separar os dez presidenciáveis em dois grupos de cinco cada, a partir de um critério objetivo. No dia 30, o debate será entre os cinco primeiros colocados na pesquisa do Datafolha mais próxima dessa data. Na véspera, entre os demais.
Um número mais reduzido de candidatos em cada mesa permite, por motivos óbvios, aprofundar a discussão. E a separação entre os que concitam maior e menor interesse do público, medido em pesquisas idôneas, evita mesclar políticos de peso nitidamente desigual aos olhos do próprio eleitorado.
Convém lembrar que os dois debates Folha/Cultura ocorrerão já muito próximos da votação, o que os torna ainda mais relevantes como ocasião para a definição do voto. Ou redefinição, conforme o desempenho de cada qual.

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