São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Julgamento vai definir a estratégia quercista

MÁRIO SIMAS FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os aliados de Orestes Quércia, candidato do PMDB à Presidência, definem o próximo dia 5 de agosto como uma data crucial para o futuro do quercismo.
Ou Quércia tenta viabilizar a sua candidatura ou se prepara para ser o líder de um PMDB menor e claramente oposicionista.
STJ
No dia 5, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) vai decidir se aceita ou não a denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra o ex-governador paulista.
Ele é acusado de estelionato na compra de equipamentos israelenses para universidades paulistas.
Segundo a denúncia, houve superfaturamento na compra e havia similares nacionais dos produtos importados.
Qualquer que seja a definição do STJ, Quércia vai disputar a eleição presidencial até o fim. Muda, no entanto, o caráter da candidatura.
Os quercistas entendem que, se o STJ recusar a denúncia, Quércia ainda tem condições de vencer a eleição.
Contam, para tanto, com o início do horário eleitoral gratuito. A recusa da Justiça seria explorada ainda como um "atestado de honestidade" ao candidato.
Se a denúncia for aceita, o quercismo ainda continua na briga eleitoral, mas com outros objetivos.
Eles entendem que Quércia, mesmo derrotado, poderá sair da eleição como líder de um PMDB livre dos antiquercistas, mas ainda com abrangência nacional.
Nessa hipótese, Quércia pretende liderar a oposição a qualquer que venha ser o novo governo.
A intenção dos quercistas é repetir o que fez o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPR).
O prefeito foi derrotado em cinco eleições consecutivas, mas as denúncias que havia contra ele foram se diluindo como tempo.
Maluf venceu a sexta eleição que disputou (para a Prefeitura de São Paulo, em 92) e conseguiu montar um partido de dimensão nacional: o PPR.
Os quercistas também trabalham com uma terceira hipótese: o STJ poderá retardar sua decisão de abrir processo criminal contra o ex-governador.
Eles avaliam que algum ministro do STJ poderá pedir vistas ao inquérito. Isso retardaria em pelo menos 30 dias uma decisão final.
Avalia–se que o pedido de vistas poria em dúvida a posição do Ministério Público.
No dia 5, Quércia estará participando de um comício em Bom Jesus da Lapa, na Bahia.
Para os assessores mais próximos de Quércia, a sua sobrevivência como político não depende, necessariamente, da vitória ou de um bom desempenho nestas eleições.
O quercismo teria, segundo essa avaliação, capacidade de sobreviver ao primeiro desastre eleitoral de sua história.

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