São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Aos 100 anos, Caetano de Campos abriga indigentes

LUIZ CARLOS DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao completar cem anos nesta terça-feira, o prédio Caetano de Campos, na praça da República (região central), não irá representar apenas o papel de um dos mais significativos símbolos dos princípios republicanos que inspiraram sua construção.
Erguido para impulsionar a democratização do ensino público como um centro de formação de professores, logo após o advento da República, o prédio hoje vive o paradoxo de ser fustigado pelos moradores de rua ("homeless").
Em maio deste ano, o Condephaat (órgão que cuida do patrimônio histórico) autorizou a instalação de gradis ao redor do prédio para evitar o chamado "mau uso" do espaço. O autor do pedido foi a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), do Estado.
Desde 1978, o edifício não abriga alunos e serve como sede da Secretaria de Educação do Estado. Os canteiros que cercam as duas extremidades da fachada principal tornaram-se pontos de concentração dos moradores de rua.
Os funcionários reclamam que o porão, onde funcionam as unidades de manutenção e administrativas, transformou-se em depósito de fezes e urina, atiradas para dentro pelas janelas ao nível do chão.
A secretaria diz que não há nada definido e que foi feita apenas uma "consulta" ao Condephaat. Afirma ainda que estuda o reforço da segurança na área externa.
Em sua autorização, o Condephaat recomendou que os gradis sejam de cores que contrastem com o fundo claro do edifício. Aprovou também dois projetos paisagísticos para os pátios interno e externo, além da criação de uma nova área de estacionamento.
O arquiteto Carlos Lemos, 69, diz que a possível instalação das grades não fere a concepção arquitetônica. "O hábito de cercar os edifícios era usual", afirma.
Solenidade
O centenário será comemorado com uma solenidade, às 18h de terça-feira, no salão nobre do prédio. Os Correios lançarão um carimbo comemorativo. Em seguida, haverá um coquetel.
No próximo sábado, os ex-alunos realizam festa na Cervejaria Continental, às 21h. O ingresso custará R$ 10. A arrecadação custeará a edição de um livro comemorativo, produzido pela associação de ex-alunos.

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