São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Está por fazer

DEMIAN FIOCCA

O fim dos mecanismos de indexação foi fundamental no combate à inflação. Mas não está claro qual será seu comportamento na nova realidade.
Pois a inflação tem várias origens. A indexação apenas fazia com que qualquer impacto inicial se multiplicasse.
Em julho, as altíssimas taxas de juros funcionaram como um anestésico dos preços, mas não suprimiram as pressões.
Será em agosto e setembro, com juros bem menores, que se compreenderá o quão fortes são as demais causas da inflação.
Com os salários achatados e as tarifas públicas fixas, a subida dos preços dificilmente poderá ser atribuída a pressões de demanda (aumento acelerado do consumo) ou de custos.
O desejo de empresários de subirem preços e ganharem mais tampouco pode ser apontado como causa da inflação. A causa é a ausência de mecanismos que impeçam os empresários de satisfazer esse seu desejo acima de um dado limite.
A oligopolização do mercado e a formação de cartéis, a fragilização do setor público e até o perfil concentrado da demanda –que possibilita vender caro e pouco– estão entre as causas da inflação. Causas, como se vê, de razão estrutural.
Interesses contra os quais o governo, em vésperas de eleição, não deve agir.

Texto Anterior: A novela do Plano Real ainda continua
Próximo Texto: País civilizado é o que cumpre as leis
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.