São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Ferrari pode acabar com 'jejum' de 4 anos

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DO ENVIADO A HOCKENHEIM

Pela primeira vez na temporada, a Ferrari tem chance de acabar com o jejum de vitórias que sofre desde 1990.
Naquele ano, o francês Alain Prost conquistou a última primeira colocação da escuderia até hoje.
Para Berger, o resultado do treino oficial de ontem, porém, deve ser visto com reserva. "Eu ainda não estou satisfeito com o rendimento do carro em condições de corrida", disse o piloto austríaco.
"No treino, você anda com pneus novos e tanque vazio. Mas na corrida, tudo é diferente", explicou.
Berger espera também ser perseguido de perto por seu companheiro de equipe Jean Alesi, além de Damon Hill e Michael Schumacher.
O piloto austríaco foi o único a correr abaixo de 1min44s. "Não sei explicar minha superioridade. Foi um daqueles dias em que tudo dá certo", disse o piloto, sobre ser mais rápido que Alesi.
Uma vitória da Ferrari hoje coroaria um trabalho iniciado no ano passado para acabar com os sucessivos fracassos da equipe.
Foi montado um time de experts, com nomes como o do projetista John Barnard e do diretor esportivo Jean Todt.
A primeira fila entusiasma. Neste ano, apesar de disputar bastante, os pilotos do time vermelho nunca tinham obtido uma pole.
O otimismo, no entanto, começou no GP da França, quando a equipe estreou o novo modelo 412 T1/B.
Logo depois, no GP da Inglaterra, os carros da Ferrari disputaram a corrida com um novo câmbio, feito de titânio, muito leve e mais resistente do que o antigo, criando a possibilidade de uma nova distribuição de peso sobre o chassis do carro.
Jean Alesi chegou a prometer a vitória, tão esperada pela equipe e por ele, que nunca venceu um GP em sua carreira, para a Bélgica, em 28 de agosto. O sucesso pode acontecer hoje e de uma forma que até então ninguém imaginou, em cima de Michael Schumacher.
Em entrevista após o treino, Schumacher reclamou muito do comportamento dos carros, adaptados às mudanças de regulamento impostas pela FIA para aumentar a segurança da categoria.
"Vi o 'slow motion' da TV. Dá para perceber como o carro sofre com as ondulações", disse. Os dois dias de treinos foram um festival de rodadas, que comprovam o que disse o piloto.
Mas é certo, também, que todos os pilotos estão rodando porque podem. As áreas externas da pista, principalmente de escape, estão cumprindo, pelo menos até ontem, sua função.
Quanto a seu desempenho, Schumacher disse que não liga muito para sua posição no grid. "Fizemos uma série de modificações no carro ao longo do treino e, pelo menos esta parte, foi 100%.
Fomos mais competitivos do que eu esperava", disse Schumacher, lembrando que o circuito, de alta velocidade, favorece as Ferraris e os Williams.
Quanto à torcida, cerca de 150 mil pessoas estarão hoje em Hockenheim, Schumacher declarou não ser isto um fator de pressão. "Isso só me dá mais força."

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