São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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'Galvez' é ponto alto da obra de Souza

FÁBIO DE SOUZA ANDRADE
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Galvez" é ponto alto da obra de Souza
Márcio Souza engatinhou na escrita como crítico de cinema, em "O Trabalhista", jornal dirigido pelo pai em Manaus. Firmou-se nas próprias pernas em São Paulo, onde se definiu pela literatura, na agitação do fim dos anos 60.
Foi no epicentro deste sismo cultural (o curso de Ciências Sociais, na Faculdade de Filosofia da rua Maria Antônia) que o interesse pela realidade amazonense se reacendeu. Escreveu e montou peças, acumulou material para seu primeiro sucesso, "Galvez, Imperador do Acre", romance satírico em forma de folhetim, que combinava paródia histórica e estilística para narrar a rocambolesca anexação do Acre ao território brasileiro.
O sucesso de "Galvez" prometia. Vieram traduções e fama nacional. Talvez acometido pela síndrome do primeiro livro (como não converter o já testado em fórmula), Souza tentou, desde então, caminhos diversos, quase sempre comprometidos com a apreensão da realidade brasileira e a inserção dos chamados ovos da floresta neste contexto. O movimento é duplo: de que maneira se deu a modernização, inevitável, mas politicamente mal-conduzida e violenta de um país? Quem pagou o pato, quem recolheu as penas?
Escreveu muito ("A Caligrafia de Deus" é seu 18º livro). Optou pelo thriller político –"A Condolência", (1984); tentou a súmula de estilos e o entrelaçamento de planos herdeiro do "Ulisses" de Joyce em "Operação Silêncio" (1979). Acabou por se render ao fantasma da estréia e voltou a divertir com "A resistível ascensão de Boto Tucuxi". Hoje, milita também em outras frentes: a editorial (fundou a editora Marco Zero), a burocrática (dirige o Departamento Nacional do Livro) e a acadêmica (ensina americanos a escrever na Universidade de Berkeley). (Fábio de Souza Andrade)

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