São Paulo, domingo, 31 de julho de 1994
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Paulistano sonha em ter sua própria loja

DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio é, de longe, a atividade preferida pelos paulistanos. Pesquisa Datafolha mostra que 56% dos entrevistados abririam algum tipo de comércio se tivessem dinheiro para montar um negócio próprio.
A área de serviços vem em seguida, com 23% das preferências. Apenas 6% montariam uma indústria.
Ter uma loja de roupas é o grande sonho do paulistano. 13% dos que abririam um comércio gostariam de trabalhar com confecções. Lanchonete e minimercado/mercearia também estão em alta.
Se somadas, as atividades ligadas à alimentação –bar, doceria, quitanda etc.– aparecem como líderes de interesse (37% dos entrevistados investiriam na área).
Emílio Alfieri, 44, diretor do Instituto de Economia da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), acredita que essas duas atividades reúnem negócios relativamente simples de montar e que não exigem muitos conhecimentos específicos.
"Basta entender um pouco. Há muita informação na imprensa sobre como montar e investir nesses setores", afirma.
Para Alfieri, abrir loja de roupas, mercearia ou pizzaria exige menos know-how e investimento que o comércio de móveis ou de eletrodomésticos, por exemplo.
Entre os 23% dos paulistanos que escolheriam o setor de serviços, 4% abririam uma escola.
Mesmo entre os 6% que gostariam de montar uma indústria, 4% afirmaram que se dedicariam a confecções.
Sigmar Malvezzi, 52, professor da área de psicologia da USP (Universidade de São Paulo), afirma que o interesse em ser empresário varia de acordo com identidade profissional de cada indivíduo.
Insegurança e insatisfação com o emprego são motivos apontados por Malvezzi para que as pessoas sonhem com uma empresa.
Outro fator seria a mudança nos objetivos profissionais provocada pelo aperfeiçoamento do mercado de trabalho e pelas demissões.
Como exemplo, ele cita que, em 70, para fabricar mil carros a indústria automobilística precisava do trabalho de 800 pessoas.
"Hoje, para fazer mil carros são necessárias 170 pessoas", diz. A alteração faz com que as pessoas busquem alternativas de trabalho.
Capacidade
A pesquisa do Datafolha revela que 12% dos paulistanos já abriram um negócio e fecharam, o que mostra que para ser empresário não basta querer.
Um estudo do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) aponta como características fundamentais do empreendedor a autoconfiança, a dedicação ao trabalho e a busca constante de informações.
Irani Cavagnolli, 49, diretor-superintendente do Sebrae SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), diz que ficou surpreso com o fato de que 49% dos paulistanos gostariam de ter sua própria empresa.
"É uma surpresa saber que existe um espírito empreendedor em potencial tão alto. Isso é positivo para o país", diz.
Segundo Cavagnolli, a conjuntura econômica é um dos fatores que restringem o potencial empreendedor do brasileiro.
"Para que o potencial se desenvolva, é importante a manutenção do Plano Real, já que as empresas podem passar a pensar a longo prazo", diz.

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