São Paulo, segunda-feira, 1 de agosto de 1994
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Decadência

A população brasileira já há muito sente no próprio bolso que o desempenho da economia piorou ao longo dos últimos dez anos. Ainda assim, a magnitude dessa degradação, quantificada por estudo há pouco divulgado pela CNI, não deixa de impressionar. Segundo o trabalho, que comparou o período entre 1984 e 1993 ao decênio imediatamente anterior (74-83), a economia brasileira registrou deterioração em vários indicadores.
O mais gritante sem dúvida é o caso do emprego. Segundo a CNI, de 74 a 83 a taxa anual de crescimento do nível de ocupação foi negativa em 0,15% –ou seja, a cada ano o país perdia esse percentual dos postos de trabalho existentes.
De 84 a 93 a situação piorou, com o nível de emprego decrescendo em média 1,35% por ano. Vale ressaltar que este é um problema sentido, em diferentes graus, em quase todo o mundo.
O crescimento econômico também sofreu deterioração. O PIB brasileiro, que aumentava a uma média de 4,1% ao ano entre 74 e 83, passou a expandir-se em apenas 2,5% por ano de 84 a 93. Descontado o crescimento populacional, tem-se que a renda per capita quase estagnou no último decênio –desempenho que coloca em dúvida se o Brasil merece a classificação de país em desenvolvimento.
Igualmente grave é a queda no nível dos salários. Segundo a CNI, os vencimentos pagos pela indústria no país, que subiam à diminuta média anual de 0,24% de 74 a 83, passaram a cair todos os anos 1,36% entre 84 e 93.
Esse panorama desolador sem dúvida basta para deixar clara a dimensão da tarefa à frente dos próximos governantes do país. Se o combate à inflação é sem dúvida uma condição necessária para qualquer tentativa de desenvolvimento, ele decerto não é suficiente. É preciso estabilizar a moeda de modo a permitir que se possa afinal começar a enfrentar todos os outros gravíssimos desafios de uma economia subdensenvolvida.

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