São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Economistas apontam riscos

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os resultados dos primeiros 30 dias do Plano Real foram excelentes, mas há uma série de ameaças que precisam ser administradas na execução da política econômica no dia-a-dia, como advertiram ontem dois economistas ex-presidentes do Banco Central: Affonso Celso Pastore e Ibrahim Eris.
Durante café da manhã promovido pela Bolsa de Mercadorias & de Futuros no hotel Mofarrej, em São Paulo, com a presença de 327 empresários –a maioria do setor financeiro– ambos fizeram um balanço positivo do primeiro mês de vigência do real e apontaram as maiores ameaças ao plano.
Para Pastore, as políticas cambial e monetária estão produzindo um efeito depressivo sobre os preços –que é temporário– mas têm também um conteúdo recessivo.
Segundo ele, a inflação entre 5% e 6% de julho –que refletiu o aumento dos preços pela média em real e URV– mede a perda do poder aquisitivo dos salários, com queda proporcional na demanda.
O juro nominal, que representa o custo do capital, deve ser portanto comparado com a evolução do preço do produto e com a inflação ponta a ponta, que está próxima de zero em julho e agosto, disse.
Sob essa ótica, os juros de abertura de julho (8%) e de agosto (4%) são altos em termos reais e exercem uma pressão baixista sobre a demanda, apesar dos efeitos positivos do cartão de crédito e do cheque pré-datado sobre o consumo.
Ibrahim Eris disse que, na sua avaliação, o plano é mais expansionista do que recessivo. "A demanda já está melhorando e vai melhorar substancialmente", afirmou.
Segundo Eris, as quatro maiores ameaças para o sucesso do Plano Real são um eventual crescimento da candidatura de Luís Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência, as pressões por aumentos salariais e reindexação da economia, além da manutenção do déficit fiscal.

Texto Anterior: Pressões ameaçam o sucesso do plano
Próximo Texto: Uruguai pode deixar o mercado comum
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.