São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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FHC quis evitar 'efeito Bisol'

GILBERTO DIMENSTEIN ; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Guilherme Palmeira (PFL-AL) não é mais o vice do candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso. O desfecho rápido foi determinado pelo próprio FHC, temendo o que batizou de "efeito Bisol".
Fernando Henrique e seus assessores mais próximos discutiram, desde a semana passada, uma estratégia para evitar o que consideraram um erro do PT no caso Bisol: demorar a tomar a decisão e se expor ao desgaste.
Setores do PFL defenderam desde sábado uma solução rápida. Em conversa com o líder do partido na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (BA), o presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), disse: "Ficou insustentável".
A definição ontem sobre a saída de Palmeira foi uma imposição de FHC, que se recusou a iniciar hoje sua aparição no horário eleitoral sem uma solução para o caso.
O candidato avaliou que, com sua ascensão nas pesquisas, os adversários aproveitariam o primeiro dia de horário gratuito para centrar as críticas em Palmeira.
Levou-se em consideração que o caso ganharia destaque com o andamento do processo na Procuradoria Geral da República.
FHC deu duas alternativas a Palmeira –ou ele conseguia explicar até ontem à imprensa a ligação de seu assessor, Carlos Abraão, com a empreiteira Sérvia, ou teria que deixar o posto de vice.
Palmeira passou o dia em São Paulo reunido com assessores e advogados examinando as denúncias contra Abraão, candidato a deputado estadual pelo PSC-AL.
Munido de informações de que a campanha de Abraão é uma das que possuem mais recursos no Estado, Palmeira chegou à conclusão de que não teria como explicar as fontes de recursos do assessor.
O silêncio de Palmeira durante todo o dia de ontem foi a gota d'água para o PSDB –que entendeu o ato como uma senha de que o senador havia decidido pela renúncia. A confirmação veio quando o PFL marcou uma reunião com toda a cúpula do partido ontem à noite em Brasília.
FHC, que passou o dia em São Paulo, embarcou para Brasília no início da noite. O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, chegou por volta das 18h30 de Santa Catarina. Luís Eduardo Magalhães, Gustavo Krause e o senador Marco Maciel (PFL-PE), além de Palmeira, também foram convocados.
Até ontem ainda não havia indicações nas pesquisas encomendas pelo PSDB de que o episódio já estivesse provocando efeitos. Foi realizada uma pesquisa reservada, constatando que apenas 13% dos entrevistados sequer conheciam o nome do vice de FHC.
Dentro do PSDB, o ex-governador catarinense Vilson Kleinubing (PFL) era, até ontem à noite, o nome mais aceitável. Apesar de representar um Estado da região Sul do país, ele tem um perfil mais de administrador do que de político.
Após as denúncias contra Palmeira, os tucanos consideram que este perfil é o mais adequado.

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