São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994 |
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Mário Cravo Neto lança livro
ANA MARIA GUARIGLIA
"Cicatrizes da nossa Herança", título da edição, também é o tema da retrospectiva do artista no Frankfurter Kuntsverein, museu localizado em Frankfurt. A exposição tem 70 registros e abre em 29 de setembro, e a edição, 110 imagens, será apresentada na Feira, no evento "Brasiliana de Frankfurt". No trabalho em preto-e-branco, iniciado na década de 70 e só editado em catálogos, Cravo analisa o homem primitivo baiano, através dos gestos e dos objetos. "São resquícios culturais da Bahia, que mostram o sincretismo religioso em contato com o ser humano", diz o artista. Pela editora Árias, de sua propriedade, Cravo lançou, em 1983, o livro "Cravo", uma interpretação fotográfica da obra de seu pai, o escultor Mário Cravo. Em 1984, editou "A Cidade da Bahia" e, em 1986, "Ex-Votos", sobre esculturas feitas no sertão nordestino. Todos com edições esgotadas. Em entrevista à Folha, por telefone, Cravo falou sobre seu trabalho e seu novo projeto. Folha - Como aconteceu o contato entre o sr. e o museu alemão, para que houvesse o patrocínio do livro e da exposição? Mário Cravo Neto - Peter Weiermair, diretor do Kuntsverein, conhece meu trabalho há cerca de dez anos e queria fazer a exposição e lançar um livro. A ocasião surgiu agora com a Feira, a maior do setor e que recebe visitantes do mundo inteiro. Folha - Como fotógrafo, o sr. sofreu alguma influência para realizar este e outros projetos? Cravo - Meu trabalho é o corpo e sua ligação com a natureza, os animais e as coisas vivas. Pierre Verger, um homem de 92 anos, amigo meu, me influenciou desde o princípio. Ele descobriu o corpo, a natureza tropical, como a da África. Suas imagens são consideradas fotojornalísticas, mas são puras obras de arte. Folha - Como artista plástico, a fotografia tem sido usada para expressar sua "inventividade", como o sr. diz. Essa idéia continua presente em seu novo trabalho? Cravo - O que tenho agora é mais maduro. São 200 imagens em cores voltadas ao aspecto humano e à documentação de rua. O livro já está pronto, só falta patrocínio para publicá-lo. O título provisório é "Bahia on the Edge", a Bahia que está "no fio da navalha". Visualmente, não tem nada a ver com "Cicatrizes", mas traz a mesma problemática das raízes culturais.(Ana Maria Guariglia) Texto Anterior: Feira de Frankfurt expõe imagens do Brasil Próximo Texto: Evento recebe 250 mil pessoas Índice |
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