São Paulo, quarta-feira, 3 de agosto de 1994
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O PT ajudou Fernando Henrique

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – O desfecho do caso Guilherme Palmeira mostra que o PT ajudou involuntariamente Fernando Henrique Cardoso. Os tucanos articularam com rapidez a renúncia antes que sofressem o "efeito Bisol" –ou seja, um desgaste contínuo e doloroso devido à demora de uma decisão.
Desde a semana passada, a cúpula do PSDB já preparava uma saída de emergência caso se avolumassem acusações contra Palmeira. Queriam evitar a qualquer custo que a barulheira se prolongasse até o início do horário eleitoral gratuito –temiam que o PT, preocupado com a queda nas pesquisas, explorasse ao máximo o desgaste.
Nas conversas reservadas, Fernando Henrique e seus principais assessores dizem estar convencidos de que Palmeira não cometeu nenhum delito. Falam em exploração eleitoral do PT e afirmam que o senador seria vítima de seu assessor, ligado com a empreiteira Sérvia. Mas não viram alternativa: Palmeira deveria ir ao sacrifício antes que atingisse o próprio Fernando Henrique.
Abriu-se, porém, mais um flanco de batalha sobre quem vai para vice. A discussão já foi complicada quando Fernando Henrique estava por baixo nas pesquisas e se falava até em vitória de Lula no primeiro turno.
Fernando Henrique é, hoje, o favorito, a julgar as pesquisas de opinião que o colocam na frente de Lula no segundo turno. Para complicar, a negociação é com o PFL, vocacionado à fisiologia. A vice, agora, é quase como comprar um bilhete premiado.
PS – Principal aglomeração no país de funcionários públicos, Brasília exibe desde a eleição passada preferência por Lula. Pesquisa concluída segunda-feira passada pela Soma indica mudanças, seguindo a onda nacional desde a decretação do Plano Real. A diferença entre ambos era de 20 pontos no começo do mês. Agora é de apenas 6 pontos. Lula está com 34% e Fernando Henrique, 28%.

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