São Paulo, quinta-feira, 4 de agosto de 1994
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Petista ataca aliança do PSDB

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Sorteado para ser o segundo a falar, Marco Aurélio Garcia percebeu que, se se limitasse ao programa de governo, marcaria reduzidas diferenças com a exposição de Paulo Renato Souza.
Por isso, logo de saída jogou a discussão para o território político.
"O debate de programas não pode ser feito isoladamente da discussão das forças sociais e políticas que estão por trás dos programas. Elas é que dão credibilidade ao programa", afirmou.
Deixou claro, em seguida, que a coligação do PSDB com o PFL não traz essa credibilidade ao candidato adversário. "O PFL não tem propostas, tem interesses fisiológicos", afirmou.
Para Garcia, a aliança PSDB-PFL apenas reproduz "a conciliação das elites".
Provocado por uma pergunta do senador Pedro Simon (PMDB-RS) sobre a hipótese de um grande entendimento nacional após a eleição, Garcia retomou o tema.
"Acho que há possibilidade de entendimento, desde que não se trate do velho entendimento das elites, que joga para baixo do tapete os problemas, para manter privilégios seculares", afirmou.
O petista foi muito cauteloso nas críticas ao Plano Real. Defendeu a estabilização da economia, mas propôs uma fórmula, muito vaga, de combate à inflação.
Pregou "um processo de combate à inflação mais lento, mais sustentável e mais seguro, o que só se poderá fazer se acoplado a uma grande negociação entre o Estado, trabalhadores e empresários, em torno de preços, salários, etc".
Comparou o programa de estabilização em andamento à tese, supostamente defendida pelo então ministro da Fazenda Delfim Netto, de que era preciso primeiro crescer para depois distribuir o bolo.
"Só é possível promover a inclusão dos marginalizados na economia se esta inclusão for elemento central da política econômica".
Exceto no caso da reforma agrária, Garcia não usou os números que constam dos programas do PT, em matéria de emprego, educação, saúde, habitação popular e salário mínimo, por exemplo.

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