São Paulo, quinta-feira, 4 de agosto de 1994
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FHC consultou PMDB sobre Maciel

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, consultou setores do PMDB antes de aceitar a indicação do senador Marco Maciel (PFL-PE) como o novo vice de sua chapa.
A discussão com parte do PMDB representa mais um indicativo da possibilidade de adesão de membros do partido à candidatura de FHC ainda no primeiro turno.
Foi no apartamento do próprio Maciel, em Brasília, anteontem à noite, que o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, apresentou a FHC o nome do senador.
O tucano, então, telefonou para o candidato do PMDB ao governo do Rio Grande do Sul, Antônio Britto, e ao senador Pedro Simon (PMDB-RS) para saber sobre a receptividade da escolha.
Os dois afirmaram que não havia restrições a Maciel.
O candidato consultou ainda o ex-presidente do PSDB Tasso Jereissatti e o candidato a governador do partido em São Paulo, Mário Covas.
A reunião, que durou cerca de seis horas, foi uma grande encenação. Bornhausen já havia se decidido por Maciel antes de chegar ao apartamento do senador.
FHC, por sua vez, não criou obstáculos porque já tinha em mente quatro opções do PFL –deputados Gustavo Krause (PE) e Luís Eduardo Magalhães (BA), o ex-governador de Santa Catarina Vílson Kleinubing e Maciel.
Bornhausen só se deu ao trabalho de apontar a FHC os problemas dos outros postulantes.
Para dar mais realismo à ação, os participantes se dividiram em grupos, ocupando a sala, o escritório e até a área de serviço.
Apesar do constrangimento pela saída do senador Guilherme Palmeira da chapa, que estava na reunião, houve tempo para risos.
O momento mais descontraído ocorreu quando os participantes encontraram um tucano de madeira na área de serviço do apartamento.
Kleinubing foi vetado por ser representante do Sul do país e porque o PFL considera que ele está mais engajado na campanha da candidata do PPR ao governo de Santa Catarina, Ângela Amin, do que na do próprio Bornhausen, candidato pelo PFL.
Krause foi descartado por ser candidato do PFL ao governo de Pernambuco. Sua desistência desarticularia de vez o partido no Estado –que já vem sofrendo desgastes com o fortalecimento da candidatura de Arraes (PSB).
Além disso, Krause foi considerado boêmio demais para ocupar uma eventual Vice-Presidência. Segundo os pefelistas, a discrição não é uma de suas virtudes.
Luís Eduardo não deu oportunidade para ser vetado –recusou o convite antes disso. Argumentou que sua ambição é ser reeleito deputado federal e concorrer à Presidência da Câmara.
O ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães, que teve participação em todo o episódio, foi um dos primeiros a saber o nome do novo vice, por volta da meia-noite. Na Bahia, recebeu um telefonema de Bornhausen.

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