São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 1994
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Consumo em alta estimula a ampliação dos estoques

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As negociações entre indústria e comércio estão fluindo bem este mês. O crescimento do consumo e a redução das taxas de juros -de 7% para 3,5%, em média- provoca aumento de estoques das lojas.
Muitos empresários estão tão surpresos com o aumento das vendas que não querem nem comentar o assunto. A Folha apurou que o temor deles é o de que o governo intervenha com medidas para cortar o crédito ao consumidor.
João Alberto Ianhaez, diretor da Arapuã, informa que repor mercadorias hoje está muito fácil. Por essa razão, a empresa decidiu estocar produtos para o Dia dos Pais.
"Quanto vamos comprar não dá para dizer. É estratégia", diz. A Arapuã prevê vender em agosto 10% a mais do que em julho.
Freddy Mastrocinque, diretor-superintendente da Multibras (Brastemp, Consul e Semer), diz que as encomendas do varejo neste início do mês estão surpreendendo.
"Estão superiores às nossas expectativas", afirma. Segundo ele, a empresa já negocia com fornecedores a compra de componentes extras para aumentar a produção.
Para ele, o lojista voltou a comprar pois o consumidor voltou a gastar. "Com o crediário mais longo, o brasileiro voltou a comprar."
Mastrocinque diz que em agosto a Brastemp cobra dos clientes taxa de juros de 3% ao mês. Em julho, cobrava entre 4% e 4,5%.
Os fabricantes de caixas de papelão, usadas pela indústria de bens de consumo e alimentos, estão vendendo mais. "A previsão é a de faturar em agosto 2,5% mais do que em julho", diz Milton Ferrari, presidente da Associação Brasileira do Papelão Ondulado.
Para ele, as perspectivas são boas até o final do ano porque a massa de consumidores que perdia poder de compra por conta da alta inflação tem agora mais dinheiro.
Segundo Mastrocinque, a Multibras trabalha com ociosidade de 40%. Nas fábricas de papelão é de 35%, diz Ferrari.

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