São Paulo, quarta-feira, 10 de agosto de 1994
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Exportadores reclamam de perda com dólar

DA REPORTAGEM LOCAL

Os grandes frigoríficos vão suspender o abate destinado a exportações, informou ontem Geraldo Bordon, presidente do grupo Bordon e conselheiro da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne (Abiec).
É uma resposta do setor à queda do dólar no câmbio comercial. Ontem, o preço voltou a cair, fechando cotado a R$ 0,889 para compra e a R$ 0,891 para venda.
Segundo Bordon, "as empresas vão apenas cumprir os embarques já acordados com compradores no exterior". Ele avalia que, já no próximo mês, não haverá mais demanda de boi gordo por parte dos exportadores.
Para Bordon, será difícil cumprir a previsão de faturamento de US$ 390 milhões com exportação de carne bovina em 94.
Ontem, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) esteve reunida. Segundo seu presidente, Ricardo Pelúcio, mantido o atual cenário (queda do dólar, juros altos e falta de política agrícola), "a próxima safra será de 10% a 15% menor".
Pelúcio disse ter sido designado para preparar um documento dirigido ao governo. Ele lamentou a falta de instrumentos de proteção ("hegde") e disse que os exportadores estão na mão do Banco Central (BC).
Joseph Tutundjian, da Cotia Trading, disse que a queda das exportações já será sentida nos próximos dois meses. "Não há instrumentos compensatórios", afirmou. "O que não pode é de um penada no câmbio seu preço ficar de 10% a 11% mais caro".
Para ele, existe uma confusão entre preço do dólar e política de comércio exterior. Ele concorda com a idéia de redução dos saldos comerciais, mas isto com o câmbio "em condições normais, de US$ 1,00 por R$ 1,00".
Tutundjian disse que 85% da pauta de exportação brasileira dependem de preço. "O grosso está sendo afetado por esta política."
"Os nossos custos estão em real. Esta queda, no curto prazo, afeta os resultados", afirma Nahid Chicani, vice-presidente da General Eletric. Mas ele acredita que a política de valorização do real é "transitória".
Sérgio Haberfeld, da Toga, líder no segmento de embalagens flexíveis, duvida que alguém esteja tendo lucro nas exportações. "Estão exportando para não ficar em dificuldade com os clientes. A queda das exportações será lenta."

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