São Paulo, sábado, 13 de agosto de 1994
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Clubes do Rio contratam pouco

DA SUCURSAL DO RIO

A julgar pela lista de reforços e dispensas apresentada pelos clubes cariocas para a disputa do Campeonato Brasileiro, pouco se poderá esperar do futebol do Rio na competição.
Fluminense, Flamengo e Botafogo pouco se reforçaram. O Vasco sequer pensou em comprar. O clube preferiu manter a mesma equipe que venceu o Campeonato Estadual deste ano.
A novidade vascaína está no banco de reservas: é o técnico Sebastião Lazaroni, que volta ao futebol brasileiro após treinar times na Itália e no México.
Lazaroni notabilizou-se por comandar a seleção brasileira na Copa da Itália, em 90.
A conquista da Copa do Mundo também teve efeito negativo no futebol carioca. Os poucos representantes da seleção que jogam nos clubes cariocas viram seu número ser reduzido.
Um dos três tetracampeões mundiais que jogam no Rio se transferiu para um clube de São Paulo, na semana passada.
Foi o lateral-esquerdo Branco, que, na semana passada, trocou o Fluminense pelo Corinthians, alugando seu passe até o final do ano.
O goleiro Gilmar pensou em aceitar a proposta feita pelo Guarani, mas resolveu ficar no Flamengo, depois que recebeu parte de seus salários atrasados.
Também Ricardo Rocha permanece no Rio jogando pelo Vasco, apesar das investidas do Corinthians e de clubes do exterior, como o Benfica de Portugal, que acenou com US$ 1,5 milhão.
Nem o fracasso carioca no Brasileiro de 1993 inspirou os clubes a buscar meios de participar da disputa com chances de conquista, principalmente contra equipes paulistas.
A péssima campanha no ano passado –décimo quinto colocado, com nove derrotas, três vitórias e dois empates– parece não ter abalado o time e estar agora esquecida no Fluminense.
O clube perdeu Branco e não ficou com o lateral-esquerdo Lira, sem contrato desde maio passado.
O time já dispensou Mário Tilico, Ricardo Cruz e Luís Eduardo, destaques no último Campeonato Estadual.
Mesmo assim, o Fluminense foi o time carioca que mais procurou se reforçar, apesar de não ter investido em grandes contratações, preferindo os desconhecidos.
Trouxe jogadores que atuavam em times do interior, como o lateral-esquerdo Eduardo, que surgiu no clube, passou pela seleção brasileira e rodou por Cruzeiro, Santos, Vasco e Botafogo.
Contratou também o meia Djair, que após jogar no Lázio da Itália e também no Internacional gaúcho, continua a manter sua fama de eterna promessa.
A situação mais delicada é a do Flamengo. Atolado em uma dívida que se aproxima dos US$ 15 milhões, o clube (sétimo do Brasileiro de 93) dispensou jogadores caros.
O Botafogo (décimo sétimo no Brasileiro passado) recorreu aos veteranos Mauricinho –ponta-direita campeão mundial de juniores em 1983– e Juninho, meia que jogou pelo clube no início da década.
Para a diretoria, o trunfo do Botafogo é o técnico Renato Trindade, ex-Madureira, dono de método pouco ortodoxo.
Trindade, 41, inovou a preparação botafoguense. Nas vésperas dos jogos, ele reúne os atletas para falar sobre mentalização positiva e troca de energia.
A torcida, porém, está cética. "Isso não ganha jogo. Troca de energia é com a campanhia de luz", define o comerciário Paulo Uchôa, 32, fanático e pessimista torcedor do Botafogo.

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