São Paulo, sábado, 13 de agosto de 1994
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Times paulistas querem hegemonia

DA REPORTAGEM LOCAL

A situação econômica dos clubes não alterou, o que manteve a hegemonia dos clubes paulistas, únicos no Brasil a conseguir desembolsar altas cifras em contratações.
Com exceção do Cruzeiro, que faturou US$ 6 milhões com a venda do atacante Ronaldo ao PSV da Holanda, os demais times brasileiros não conseguiram manter um saldo positivo.
Assim, todos procuraram investir em soluções caseiras, buscando jogadores entre os juniores, ou até mantendo o mesmo time.
"Com isso, a possibilidade de o futebol paulista manter sua hegemonia é muito grande", acredita Alberto Dualibi, presidente do Corinthians, clube que mais se reforçou entre os paulistas.
As contratações foram mais uma exigência para enfrentar os principais concorrentes, Palmeiras e São Paulo. Com equipes solidamente formadas, os adversários obrigaram os dirigentes corintianos a investir na experiência.
Assim, depois de Souza, atacante contratado do Rio Branco, a mira se fixou no lateral Branco, 30, do Fluminense.
Contratado por quatro meses, na semana passada, o jogador acabou dividindo a atenção com o meia Marco Antônio Boiadeiro, cujo passe foi adquirido do Cruzeiro um dia depois.
"Eles têm uma experiência que vai ser decisiva nesse Campeonato Brasileiro", acredita o centroavante Viola.
"Enfrentar times como São Paulo e Palmeiras, que estão formados há mais tempo, exige jogadores que sabem o que fazer em campo."
Foi esse detalhe que explicou o sucesso do time do São Paulo, que, apesar de não contratar nenhum jogador, apresentou novidades táticas.
O técnico Telê Santana, observando a habilidade do zagueiro Válber, resolveu transformá-lo em líbero, jogador de defesa que tem liberdade para atacar.
A medida surtiu efeito e justamente contra um adversário gabaritado –o São Paulo desclassificou o Palmeiras da Taça Libertadores, aplicando-lhe com eficiência a nova tática, que libera também a velocidade de Muller e Euller.
O Palmeiras não só não contratou nenhum jogador como acabou perdendo: o meia Rincón conseguiu se transferir para o futebol europeu, especificamente ao Napoli italiano.
O desfalque, porém, não alterou a tática do técnico Wanderley Luxemburgo, que conseguiu, na verdade, solucionar um problema.
Com a saída do meia colombiano, o treinador conseguiu eliminar um problema de ter que deixar sempre um importante jogador de ataque no banco de reservas.
Luxemburgo voltou á tática do ano passado, em que o meio-campo é controlado por César Sampaio e Mazinho, e o ataque de Edmundo, Edílson e Evair é auxiliado pelos lançamentos de Zinho.
A experiência também norteou as contratações do Santos. Apesar do preço elevado (US$ 450 mil), os dirigentes resolveram apostar no meia Neto, que estava no Atlético Mineiro mas cujo passe ainda pertencia ao Corinthians.
"Voltar ao futebol paulista é estimulante. É a melhor forma de um jogador testar seu potencial", disse Neto.
A contratação do jogador, indicada pelo técnico Serginho, motivou os outros jogadores. "Neto é um jogador que impõe respeito. E, como no Brasileiro os jogos geralmente são clássicos, isso importa muito", disse o atacante Paulo Kobayashi.
Nos clubes do interior, o raciocínio foi o mesmo. O Guarani contratou o técnico Carlos Alberto Silva, que convenceu o meia Edu Lima a ficar no time.
O clube ainda sonhou alto, querendo trazer dois goleiros internacionais, o sueco Ravelli ou o boliviano Truco. Não houve acerto com nenhum.

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