São Paulo, sábado, 13 de agosto de 1994
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Desprendimento

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

No Palácio do Planalto, afinal, discursou ontem "o presidente das Organizações Globo, jornalista Roberto Marinho". A reprodução, à noite, no Jornal Nacional:
"Quando o governo e o empresariado se unem, com o desprendimento exigido pelo verdadeiro patriotismo, podem e sabem cumprir o que deles se espera: servir ao país, sempre e acima de tudo."
O discurso foi na cerimônia de entrega de prêmios de incentivo. Na platéia, calado, Itamar.
Saúde sem verba
Nem citaram, na televisão, mas os problemas continuam, entre o presidenciável e seu presidente.
A cadeia nacional de televisão e rádio com o ministro Henrique Santillo foi um sinal, ontem.
O ministro da Saúde, que vinha sendo atacado no horário de FHC, foi prestigiado, como se diz, por Itamar. E reclama as verbas.
Era o que fazia, também ontem, ao vivo e irritado, na CBN.
Modelo cearense
Bastou FHC passar Lula para começarem as más notícias. Uma sequência de frases, no TJ:
– Fortaleza é a capital das crianças pobres no Brasil.
– Fortaleza é a cidade que tem os índices mais alarmantes.
– Analfabetismo, Fortaleza.
Pouco tempo atrás, o Ceará era lembrado como o modelo para a administração pública tucana.
No Jornal Nacional, como era de esperar, Fortaleza e o Ceará passaram despercebidos. Mas não, claro, na novela de Ciro Gomes.
Outro tucano
No ritmo do programa eleitoral, no apoio da Globo, no apoio do governo –nada na campanha de Covas revela ligação com FHC.
Eles nem parecem do mesmo partido, ou da mesma ideologia.
Manchete do TJ: "Queda muda campanha do PT. Lula aparecerá mais otimista e esperançoso."
Se Lula está mal, com o ânimo caindo junto com a sua intenção de votos, os seguintes já estão num estado de constrangimento.
Não só pelos números baixos, mas pela insistência de um deles, sempre Leonel Brizola, em pedir o voto e desistência dos outros.
Paulo Maluf, ontem na CBN, reagiu já quase sem forças a um novo pedido para que Esperidião Amin saia de lado. Disse não.
Com Luiz Henrique, presidente do PMDB, foi a mesma coisa. Ele nega-se a entregar a cabeça de Orestes Quércia... mas garantiu que fez acordo com o PDT para trocar apoio no segundo turno.

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