São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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Petista aponta a Dinamarca como modelo

Se eleito presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, 48, o candidato do PT, vai convocar, "certamente", empresários para fazer parte de seu ministério.
A idéia, sempre segundo as afirmações de Lula, é compor um ministério "mais amplo do que o PT", para o qual seriam convocadas figuras de outros partidos e também sem partido.
Lula citou três áreas como as primeiras a serem enfrentadas logo no início de seu eventual governo. A gestão começaria por uma reforma tributária, já discutida com empresários e sindicatos no período entre eleição e posse.
As duas outras áreas seriam educação (definir como cumprir a promessa de dar escola a todas as crianças) e saúde (voltar ao patamar de investimento de 1989).
Mas, como símbolo, Lula afirma que pretende definir uma política agrícola e dar ao combate à fome um caráter mais forte do que a campanha de solidariedade hoje conduzida pelo sociólogo Herbert de Souza.
O candidato do PT repetiu durante a entrevista a posição sobre privatizações que o partido vem defendendo. Exceto os setores considerados estratégicos (petróleo e telecomunicações), tudo o mais é privatizável.
Mas a ênfase é menos na privatização do que já existe e mais na parceria com o setor privado para a ampliação da infra-estrutura, em especial no setor de energia elétrica, rodovias e ferrovias.
Lula acha que a estabilidade do funcionalismo público não deveria constar da Constituição. Não porque pretenda eliminá-la, mas porque acredita que deva ser consequência da profissionalização da máquina.
O candidato petista está dormindo, em média, cinco horas por noite, mas garante que sua saúde é boa. Apesar dessa confiança, recusa-se a fazer um "check-up", usando argumento temperado pela superstição.
"Carro velho quando vai à oficina, pensando que é problema só de velas, descobre que é o motor inteiro. Prefiro não descobrir", brincou.
A sério, definiu qual o país que lhe serve como modelo: a Dinamarca. Mas, apesar do país ser um clássico da social-democracia, recusa o rótulo de social-democrata e insiste no de socialista. Os principais trechos da entrevista são os que se seguem.

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