São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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Acho FHC um grande intelectual

Folha - Com quem o sr. conversa sobre esses assuntos para poder falar com a tranquilidade com que fala hoje?
Lula - Converso muito com as pessoas que teoricamente entendem de cada assunto. Eu aprendi num ano andando com o Aziz Ab'Saber (presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) o que possivelmente não tivesse aprendido a minha vida inteira. Ele é uma biblioteca ambulante.
Na agricultura com o (José) Graziano. Eu tenho por hábito nunca conversar com um único economista. Sempre converso com pessoas que têm posições antagônicas, para tirar a média.
É lógico que o PT tem muitos economistas, eu diria até que o mercado está inflacionado de economistas de boas qualidades, tipo Aloizio Mercadante, Paul Singer, Paulo Nogueira, Maria da Conceição Tavares.
Sempre procuro conversar com pessoas que pensam diferente.
Folha - O sr. pretende fazer alguma coisa na área de controle da natalidade?
Lula - Eu pretendo investir num planejamento familiar, ou seja, através de um processo de educação. Eu acredito na educação como a base única para você diminuir o nosso crescimento demográfico, para evitar aborto, fazer uma série de coisas. Eu acho que o planejamento é resultado da educação.
Folha - O sr. fez 'check-up' ultimamente?
Lula - Ah, eu não gosto de fazer 'check-up', porque em pessoa que está ficando velha é que nem carro velho quando vai à oficina, pensando que é problema só de velas e descobre que é o motor inteiro. Então prefiro não descobrir.
Folha - Quantas horas o sr. dorme durante a campanha?
Lula - Tenho dormido pouco, uma média de cinco horas por dia.
Folha - Qual é a principal qualidade que o sr. vê no Fernando Henrique?
Lula - Eu já vi mais. Acho que a qualidade é ser um grande intelectual. A nossa briga política não impede que eu o reconheça como grande intelectual.

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