São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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Tecnologia deve eliminar doador de sêmen

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os avanços da medicina devem transformar o pai-doador de sêmen em uma espécie próxima da extinção. Novas tecnologias já estão permitindo que um número cada vez menor de homens necessite do sêmen de um terceiro.
Duas décadas atrás, quem tivesse menos de 20 milhões de espermatozóides por cm3 estava condenado a não ter filhos naturais.
A partir dos anos 80, a fertilização in vitro (FIV) passou a permitir que homens que produzissem acima de 2 milhões de espermatozóides pudessem ser pais. No método FIV, o óvulo é fecundado em laboratório e depois colocado no colo uterino.
Nos últimos cinco anos, as técnicas de micromanipulação ampliaram ainda mais as chances para o homem. Uma micropipeta, manipulada com a ajuda de microscópios, permite que um único espermatozóide seja injetado no interior do citoplasma do óvulo.
"De dez homens que necessitavam de doador cinco anos atrás, apenas três precisam hoje", diz o médico Roger Abdelmassih.
Segundo o médico, uma equipe da Universidade de Bruxelas já está fertilizando óvulos com células retiradas do epidídimo –uma espécie de canal que sai de cada testículo e no qual os espermas iniciam seu amadurecimento e sua marcha para a vesícula seminal.
Abdelmassih diz que o próximo passo –já ensaiado em Bruxelas– é a retirada de células do interior dos testículos.
"O doador de sêmen tende a ser uma ave rara", diz o médico Paulo Serafini, que tem clínica na Califórnia (EUA) e em Vitória (ES). Os bancos de sêmen do futuro servirão apenas para os homens que não produzem nenhum esperma.
Muitos deles perderam a capacidade de produzir espermatozóides por causa de doenças ou tratamentos como a quimioterapia. Se tivessem congelado seu sêmen, parte desses homens não precisaria de um doador.(Aureliano Biancarelli)

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