São Paulo, domingo, 14 de agosto de 1994
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'A menina tem o nosso jeito'

Casal usou banco de sêmen após tentar ter filho por 6 anos

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A decoradora Ana Claudia, hoje com 38 anos, só ficou sabendo que a filha não era do marido quando estava no sétimo mês de gravidez. "Eu já estava tão feliz que quando o médico me contou eu continuei feliz", relata.
O marido, o engenheiro Luiz Fernando, 42, era estéril e queria evitar que a mulher ficasse magoada. Durante seis anos o casal viveu a expectativa de ter um filho.
"No início, ele me via como culpada. Depois ficou calado. Vivia deprimido e agressivo."
O casal tentou todos os métodos de fertilização até que o médico convenceu Luiz a utilizar o sêmen de um doador. "Alguém precisava dar uma mão", diz Ana. "Juliana tem os traços e o jeito nosso."
Luiz ainda se preocupa com a possibilidade de descobrirem que a menina não é sua filha biológica. Mas o casal quer mais um filho, que também virá de um doador.
Doadores anônimos já fizeram muitos casais felizes. No inverno passado, o gerente de vendas Guilherme, 32, chegou em casa com rosas vermelhas.
"Ele me abraçava e chorava. Não conseguia dar a notícia", conta a administradora de empresas Lúcia, 30. Na outra mão, ele levava o exame da clínica Profert. Lúcia estava grávida de 15 dias.
"Há cinco anos eu esperava esta notícia", diz Lúcia. Guilherme era estéril e não tinha mais esperanças.
Tiago, hoje com quatro meses, se parece com a mãe. "Meu marido nunca demonstrou ciúmes, mesmo no dia em que fomos juntos para eu ser inseminada."
Lúcia diz que os anos de espera foram difíceis. "Nós chorávamos juntos. Os amigos diziam que o bebê estava demorando. Isso magoava. Guilherme chegou a pensar em adoção, mas eu sonhava em ver minha barriga crescer, sentir o bebê lá dentro. Foi aí que decidimos pelo sêmen de um doador."
Lúcia diz se sentir a "mulher mais feliz do mundo". "Esta criança mudou nossas vidas. É bom demais." O próximo filho do casal será adotado.(AB)

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