São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 1994
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PMDB força candidatos a citar Quércia

MÁRIO SIMAS FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O PMDB de São Paulo ameaça não colocar no horário eleitoral do partido os candidatos a deputado federal e estadual que não citarem os nomes de Quércia e Barros Munhoz em seus discursos.
Quatro candidatos ouvidos ontem pela Folha afirmaram que a ameaça é feita por um funcionário da 9 Marketing Político, produtora onde é feita a gravação.
Eles disseramn que quando chegam para gravar recebem o recado para que terminem seus discursos com a seguinte frase: "Com Quércia e Munhoz".
Orestes Quércia é o candidato do PMDB à Presidência e Munhoz ao governo de São Paulo. Ambos têm baixos índices nas pesquisas e temem uma revoada de peemedebistas às candidaturas de Fernando Henrique Cardoso e de Mário Covas, do PSDB.
Os candidatos que já gravaram seus programas e não citaram Quércia e Munhoz são convocados pela produtora para regravar suas participações.
O deputado Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), por exemplo, foi chamado para gravar nova mensagem aos eleitores.
Em sua primeira e única aparição no horário eleitoral gratuito, em 2 de agosto, ele não citou o nome de Quércia e fez um discurso favorável ao Plano Real.
Santos afirmou que na semana passada recebeu telefonema pedindo para regravar o programa. "Não vou regravar nada", disse.
"O texto dos deputados é feito por eles. A produtora apenas grava", disse Duda Mendonça, dono da produtora.
Para coordenar os programas dos deputados, o PMDB escalou Fernando Camargo. Ontem, ele não foi localizado pela Folha.
Plano Real
Ontem, Quércia amenizou suas críticas ao Plano Real. "É evidente que irei dar continuidade ao plano, pois a inflação não interessa a ninguém", afirmou o candidato.
"Vamos dar continuidade ao Plano, até porque o governo não tem nenhuma proposta para depois das eleições", disse Quércia.
A estratégia dos quercistas será a de questionar a paternidade do Real, com o objetivo de diminuir a rejeição do eleitorado em relação ao peemedebista e procurar evitar maiores dissidencias no partido.
"O Real foi feito também pelo PMDB, que fez 24 emendas à Medida Provisória da URV e ajudou a aprová-las", disse Santos, antiquercista.
Na semana passada, em Manaus (AM), o senador Amir Lando (PMDB-AC) fez um discurso no palanque de Quércia onde afirmou que o PMDB também é responsável pelo Real.

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