São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 1994
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Todos ao real

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Tem voto para todos, no real. Pelo menos é o que aposta Orestes Quércia, que cresceu menos do que esperava, com o atestado da Justiça e com o horário eleitoral. Ontem o candidato já apareceu elogiando o plano, dizendo que vai dar prosseguimento às medidas etc.na Rede Cultura.
Nenhuma palavra, é claro, das tentativas de derrubar o mesmo real, logo que ele apareceu para aprovação no Congresso.
Caminho semelhante, de igual oportunidade eleitoral, parece ser o que foi escolhido pelos antigos comunistas, do PPS. São alguns poucos, garantia Roberto Freire, na CBN. Alguns poucos que antes pareciam apoiar Lula e agora estão com o plano. Como eles, Pedro Simon, líder do PMDB. Também Simon "aderiu", anunciou ontem o Jornal Bandeirantes.
Seguem todos um caminho que foi desenhado pelo próprio Lula, quando abriu a sua propaganda eleitoral dizendo apoiar o plano. Foi um dia só, o primeiro. Lula acreditou ser o bastante –e agora é tarde. Não é mais possível uma adesão convincente ao real.
Comunicador
FHC, que não precisa fazer a menor força para identificar-se com o real, também não faz força para manter a boa imagem de sua maior bandeira. Tem quem faz por ele, tanto a identificação, como o reforço de imagem. O ministro da Fazenda, por exemplo, que vai-se tornando um comunicador.
Ontem, estava lá o ministro, outra vez, em cadeia obrigatória de televisão. Duas passagens que lembram, ecoam FHC:
– O Brasil está mudando para melhor (com o real).
– É apenas o começo de uma longa caminhada.
Outra passagem, sempre dele, Rubens Ricupero, sobre algo que andou atrapalhando a campanha governista, dias atrás:
– Como disse muito bem o presidente, o dinheiro sonegado aos cofres nacionais vai fazer falta para a assistência à saúde.
Estão aí, afinal, os responsáveis pela falta de recursos para a saúde: o comerciante, que não dá nota, e o consumidor, que não exige.
Duas polícias
Duas imagens de televisão que, juntas são reveladoras:
Na Rede Cidade, noticiário da Bandeirantes, o governo estadual montou a cerimônia de sempre, para entregar algumas dezenas de motos para a polícia, faltando um mês e meio para a sucessão de Luiz Antônio Fleury Filho.
No TJ Brasil, a primeira notícia afirmava que "a Polícia Militar vive um de seus momentos mais críticos" - dando o exemplo de um policial que ficou sem comer, ontem , por falta de dinheiro.

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