São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 1994
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Eleição determina atuação do BB

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco do Brasil, Alcir Calliari, reconheceu ontem que pressões políticas e eleitorais impedem o andamento do programa de fechamento de agências deficitárias do banco.
"Época de eleições não é a melhor hora para fechar agências", disse Calliari. "Sofremos pressões de todos os lados", completou.
Calliari deixou escapar as declarações ao ser perguntado sobre o programa de redução da rede de agências. Logo em seguida, evitou responder que tipo de pressões estaria sofrendo.
Desde o ano passado, a equipe econômica vem recomendando que 288 agências deficitárias do BB sejam fechadas para facilitar a adaptação do banco a um regime de inflação baixa.
Segundo Calliari, apenas sete dessas unidades foram fechadas. O BB tem cerca de 5.000 agências no Brasil e no exterior.
O BB tradicionalmente tem uso político estratégico para o governo, por ser o financiador do setor agrícola e ter unidades em praticamente todas as cidades do país.
Segundo avaliação da assessoria de marketing do BB, o banco é sinônimo de governo nas pequenas cidades do interior.
O BB também foi usado politicamente em 1992, quando eram liberadas verbas para beneficiar parlamentares contrários ao impeachment de Fernando Collor.
O projeto de reduzir a rede de agências enfrenta a oposição da bancada ruralista do Congresso –cerca de 150 candidatos de diversos partidos que votam coesos em questões do setor agrícola.
Calliari também atua nos bastidores do governo pelo não fechamento das agências deficitárias. Ele argumenta que o banco tem um "papel social" a ser priorizado –mesmo que determinadas agências sejam deficitárias.
As tentativas de reduzir a rede dos bancos federais começaram em meados de 1993, quando o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, lançou o PAI (Programa de Ação Imediata).
Deveriam ser fechadas, no total, cerca de 400 agências do BB, da CEF (Caixa Econômica Federal), BNB (Banco do Nordeste Brasileiro) e Basa (Banco da Amazônia). Até agora, menos de 20 agências de todas estas instituições foram eliminadas.

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