São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 1994
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Delegado apura morte em Campinas

LUCIANA CAMARGO
DA FOLHA SUDESTE

O delegado do 7º Distrito Policial de Campinas (SP), Antônio Pereira Veiga, abriu inquérito para investigar denúncia de aborto seguido de morte da enfermeira Sandra Mara Lopes Pinheiro, 33, dentro do Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher), órgão ligado à Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O inquérito foi aberto na quarta-feira passada, depois de investigações iniciais feitas a partir de uma denúncia anônima. A denúncia desmente a versão oficial apresentada pelo Caism no dia da morte de Sandra, em 18 de fevereiro.
No boletim de ocorrência feito na época, Sandra deu entrada no hospital com o aborto em andamento. A denúncia diz que o aborto foi feito no Caism.
A denúncia foi feita no dia 19 de junho passado, três dias depois de a Folha ter publicado entrevista com o diretor do Caism, Aníbal Faundes.
Na entrevista, ele afirmou praticar no Caism abortos em fetos malformados sem chance de sobreviver. A prática é ilegal e resultou em inquérito contra o médico, ainda em andamento.
Uma comissão de ética nomeada pela reitoria da Unicamp para analisar os casos de aborto dentro do Caism considerou a prática legal.
Segundo a comissão, os abortos só eram feitos quando a gestante também corria risco de vida. Nesse caso, o Código Penal permite a prática.
Segundo o delegado, a enfermeira, que trabalhava no Hospital de Clínicas da Unicamp, morreu de septicemia (infecção generalizada) provocada por aborto incompleto.
Faundes não foi localizado ontem para falar sobre o caso. O médico João Luiz Silva, que responde pelo órgão na ausência de Faundes, também foi não foi encontrado até as 19h.

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