São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 1994
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62% dos paulistanos querem mudar a lei

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria absoluta dos paulistanos –62%– quer a modificação da atual legislação sobre o aborto, em vigência no país desde 1940.
Ao Datafolha, 43% afirmaram que ele deveria ser autorizado em mais situações, além das previstas no Código Penal (estupro ou quando há risco de vida para a mãe).
Outros 19% disseram ser favoráveis à legalização em qualquer circustância.
Para 37% dos paulistanos, no entanto, a atual lei não deveria ser alterada (veja quadro ao lado).
Essa opinião é apontada principalmente entre pessoas com instrução escolar até o 1º grau (44%) e pelos que têm renda familiar de até cinco salários mínimos (42%).
O número dos que defendem que o aborto deixe de ser crime em qualquer caso é maior entre pessoas com nível superior: 36%.
Para os que têm até o 1º grau, esse percentual cai a 17%.
Entre pessoas com 2º grau, o índice é ainda menor (13%). Apesar disso, 51% destes querem a permissão para o aborto em mais casos, além dos previstos em lei.
Na amostra por sexo, 21% das mulheres querem a liberação total do aborto, contra 17% dos homens.
Houve empate técnico entre homens e mulheres que querem a manutenção da lei: 37% e 36%, respectivamente.
As últimas estatísticas do Ministério da Saúde –divulgadas em debate promovido em julho pela Folha– apontaram que, só no ano passado, foram feitos cerca de 300 mil abortos clandestinos no Brasil.
Pesquisa Datafolha realizada no Congresso Nacional no ano passado apontou que 47% dos deputados e senadores querem que a legislação atual seja mantida.
Para 25% dos parlamentares, o aborto deveria ser autorizado em mais circunstâncias do que as previstas atualmente e 22% defenderam a sua legalização total.
Projeto nº 78/93 da senadora Eva Blay (PSDB-SP), que autorizaria a prática do aborto no país, tramita atualmente na Comissão de Justiça do Senado.
Em setembro do ano passado, o Datafolha constatou em pesquisa nacional que 60% dos brasileiros eram favoráveis à manutenção da legislação atual.
Apesar disso, a Justiça brasileira autorizou 12 abortos em fetos malformados desde 92.
Aids
O Datafolha também perguntou aos entrevistados se eles seriam favoráveis ou não à permissão para mulheres com Aids realizarem aborto –para evitar a transmissão do vírus para seus filhos.
Para 70%, isso deveria ser permitido, enquanto 26% se disseram contra.(RF)

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