São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 1994 |
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Credor da Varig entra no conselho
FERNANDO PAULINO NETO
Segundo o presidente da Varig, Rubel Thomas, além das duas empresas, ganharão assento no Conselho um representante dos bancos credores brasileiros e um de comum acordo entre GE, Douglas e Varig. As outras cinco vagas continuarão a ser da companhia aérea. Todos os membros do Conselho, com exceção de Thomas, colocaram seus cargos à disposição. Especulações de que Marcílio Marques Moreira teria sido convidado para integrar o Conselho pela GE não foram confirmadas pelo ex-ministro. Marcílio disse à Folha que decidiu em 1986 não mais participar de conselhos de empresas. Estas mudanças serão oficializadas em assembléia geral extraordinária a ser realizada dia 24 em Porto Alegre. A participação no Conselho faz parte de uma negociação entre a Varig e suas duas fornecedoras norte-americanas para diminuir as dívidas da empresa brasileira com o Eximbank (banco de fomento ao comércio exterior). A GE se compromete a comprar, por US$ 204 milhões, seis aviões Boeing 767-200 que haviam sido adquiridos pela Varig com financiamento do banco. A Varig continuará a utilizar as aeronaves através de um contrato de leasing com a GE. A McDonnell Douglas, que vendeu quatro MD-11 para a Varig, também através de empréstimo com o Eximbank, vai desembolsar US$ 72 milhões para pagar o principal da dívida. Os juros continuam a cargo da Varig que volta a pagar o principal depois de 18 meses. Destes US$ 72 milhões, a Douglas já desembolsou US$ 24 milhões. Segundo Thomas, a forma de pagamento à GE e à Douglas já está definida, mas ele não quis detalhá-las. A intenção, segundo Thomas, é modificar a estrutura acionária da empresa que hoje é de 50% de ações ordinárias e 50% de ações preferenciais. Ontem, as ações PN da Varig foram as que registraram maior baixa, segundo o Índice Bovespa. A baixa foi de 9%. Anteontem, as ações haviam subido 18,2%. Segundo Thomas, esta nova forma do conselho, segundo o acordo com as empresas, deve vigorar até o saneamento da Varig (prevista para 1996) mas, segundo ele, deve ser mantida depois. Para a Varig, 1994 ainda vai ser um ano de prejuízos. Thomas disse que o programa de reestruturação só termina em 1996, mas em 1995, já deve haver lucro. Em 1992, a Varig teve um prejuízo de US$ 380 milhões e no ano passado de US$ 97 milhões. Com a crise, a Varig já se desfez de dez aviões, cancelou linhas aéreas e demitiu, desde março, 2.600 funcionários. A Apvar (Associação de Pilotos da Varig) teme que com a modificação do conselho piorem as condições de trabalho na empresa. O vice-presidente da entidade, Mariano San Vicente, disse esperar que "eles não venham oferecer a conta deste acordo à empresa". Texto Anterior: Reputação e política Próximo Texto: Unibanco comercializará computadores da IBM Índice |
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