São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Do caos ao paraíso?

DO CAOS AO PARAÍSO?

A luta para receber atendimento médico já faz parte da vida cotidiana da maioria da população. Para muitos políticos, porém, esse tema só tem de ser tratado a cada quatro anos, não por acaso, os de eleições.
E é este descaso que muitos governantes têm para com funções precípuas do poder público que levou essa e outras áreas à caótica situação em que se encontram.
Como costuma acontecer em ano eleitoral, diversos candidatos prometem resolver a questão da saúde. Nada mais improvável. Em sua coluna dominical nesta Folha, o empresário Antonio Ermírio de Moraes demonstrou com abudância de dados que o problema do atendimento médico é universal. Só para citar um dos exemplos colhidos pelo empresário: o sistema inglês de saúde só dá prioridade à hipertensão quando a pressão mínima chega a 10, embora o limite seja 9.
Esse fenômeno, como relata Antonio Ermírio, ocorre num país que gasta US$ 51 bilhões por ano (a cifra é de 90) com a saúde de seus 55 milhões de habitantes. No Brasil, com uma população quase três vezes maior, o gasto com saúde não vai além de US$ 8 bilhões.
Se o desafio dos países ricos é o de manter e progressivamente melhorar o nível de atendimento, o do Brasil é ainda muito mais complexo. Começa pela questão de imprimir um mínimo de realismo e racionalidade ao sistema. É preciso gastar bem. Para se avaliar o grau de insensatez que marca o sistema de saúde no Brasil, basta saber que o Estado paga uma média de R$ 3,50 por dia de internação aos hospitais conveniados, contra um custo médio de R$ 150,00. Um sistema com tal distorção não pode funcionar.
É óbvio que é preciso estabelecer prioridades. Até porque é inadmissível, embora típico de países com má distribuição de renda, que complexos transplantes sejam rotina em muitos hospitais, enquanto crianças ainda morrem de disenteria.
Para o eleitor, a melhor maneira de começar a alterar essa perversa situação é recusando o voto aos oportunistas que agora, como deuses, prometem transformar em poucos dias o caos em paraíso.

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