São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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De rei a santo

LUIZ CAVERSAN

RIO DE JANEIRO – Primeiro ele quis ser rei. O rei da Copa do Mundo do Estados Unidos. Depois, quis ser Senna. Ou pelo menos ocupar o lugar deixado pelo corredor como ídolo número um dos brasileiros. Agora, ele quer ser santo.
Para quem não percebeu, o personagem aqui é o "modesto" Romário, dono de um ego superlativo. Mas que agora está exagerando.
Quer virar santo, não há dúvida. Qual poderia ser a explicação para tanta generosidade da parte dele, que se deu ao trabalho de deslocar-se ao Paraná para candidamente apoiar um projeto de escolinhas de futebol? Segundo diz, sem ganhar nada, só por amor ao esporte?
Bacana, não? Poderia até ser, não fossem alguns detalhes. Romário aproveita como pode a glória do tetracampeonato para engordar sua conta bancária, e assim o fez ao participar de um jogo beneficente há duas semanas em Vitória (ES): cobrou US$ 50 mil de cachê, fora despesas. Veja bem: para um jogo beneficente...
O tal apoio às escolinhas de futebol é no mínimo suspeito. Simplesmente porque elas fazem parte do projeto eleitoreiro do candidato do PP ao governo do Paraná, que está pegando uma boa carona na euforia em torno do futebol para conquistar votos.
Como Álvaro Dias é daqueles políticos que agem profissionalmente para se manter no poder e como Romário não dá ponto sem nó (lembre-se que enquanto ele está aqui arriscando a pagar multa ao Barcelona aproveita para faturar mais de US$ 500 mil num comercial de TV), de bonzinho aí só há o eleitor que acreditar nesta história.
Ok, Romário tem o direito de apoiar quem quiser, assim como Álvaro Dias pode cooptar para sua campanha quem quer que esteja disposto a acompanhá-lo.
Mas não venham com voluntarismos e desprendimentos envolvendo políticos profissionais e astros milionários que surgiram da noite para o dia e não deixam passar oportunidade financeira alguma. De santos, estes não têm nada.

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